Os deputados estaduais por Mato Grosso do Sul pediram abertura de investigações sobre crimes cometidos contra a delegada de Polícia Thays do Carmo Oliveira de Bessa, que atua na Depac de Dourados, após ataques de cunho misóginos e racistas serem feitos a ela durante a transmissão de uma live na rede social.
Lia Nogueira (PSDB) trouxe o assunto durante a sessão desta terça-feira (7). “Ataques de cunho preconceituosos, machistas e depreciativos proferidos contra a sua imagem, em uma entrevista, motivados por estereótipo, pela sua aparência e pela sua condição de ser mulher. Ela tem desempenhado com elevado padrão técnico, ético e comprometimento sua função e com os comentários colocam a mulher em uma situação de diminuição”, lamentou a deputada.
Segundo Lia, algumas das frases de ataque foram: “eu acho absurdo a mulher deixar a louça suja para combater o crime”; “Se essa delegada se perder no meio da Cracolândia, fica difícil identificar pela aparência, a bichinha está debulhada hein?”; “Nossa que delegada feia, tá mais para ser empregada doméstica”; “Ela deve ser empregada aqui da minha casa, tratar ela igual o cachorro aqui”.
Lia repudiou os ataques. “Comentário deploráveis. Isso demonstra o quanto o machismo e o ódio e estão nos matando. É por isso que nos matam no país e nós, enquanto representantes femininas, não podemos permitir isso. Lugar de criminoso é na cadeia. Faço também requerimento ao Ministério Público que acompanhe de perto. Não podemos deixar que mulheres sejam linchadas e agredidas dessa forma”, afirmou.
As Moções de Apoio apresentadas pelas deputadas Lia Nogueira e Gleice Jane (PT) serão transformadas em nome da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). Gleice também ressaltou que os comentários são ofensas para deslegitimar mulheres em posições de liderança. “Absolutamente inadmissível que uma autoridade no pleno exercício de suas funções receba ataques sexistas, machistas, racistas, depreciativos, em tom abertamente preconceituoso que transcende da ofensa individual, e sim a estruturas historicamente excludentes, que buscou deslegitimar mulheres, em especial mulheres negras, que ocupam posição de poder, liderança. Reproduzem formas persistentes de violência simbólica”, ressaltou Gleice Jane.
Da mesma forma, a deputada Mara Caseiro (PSDB) também se manifestou em apoio à delegada. “Palavras absurdas, misóginas e de preconceito que nós não podemos permitir. Faremos um requerimento ao secretário de Segurança Pública para que identifiquem esses criminosos por essas manifestações criminosas. Uma mulher competente, que estava em seu exercício de função e ser agredida assim. Fica a minha manifestação e apoio à essa mulher dedicada e profissional, que vem fazendo um extraordinário trabalho, principalmente contra a violência contra a mulher”, disse.
O pedido de investigação às autoridades foi reforçado pelo deputado Coronel David (PL). “Pela gravidade dos fatos vou pedir para a que possibilidade da Casa de Leis fazer um documento exigindo a investigação para apurar e identificar as pessoas que fizeram agressões à delegada”, reiterou.
O presidente Gerson Claro (PP) finalizou o debate confirmando que a Moção será feita em nome da Casa e que o pedido de investigação será feito. “Repudiamos qualquer atitude de ódio. É comum as pessoas acharem que rede social é terra sem lei, achar que vai lá e fala o que quer, mas não é bem assim. Vamos fazer sim o documento solicitando punição na forma da Lei. Não pode a gente compactuar com uma situação dessa. Vamos pedir para que tomem providências”, confirmou.
Mín. 16° Máx. 26°