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Recesso escolar desafia rotina de 2,4 milhões de brasileiros com autismo

Especialista em educação inclusiva orienta famílias sobre como evitar crises e manter o bem-estar de crianças com TEA durante a “Semana do Saco Cheio”

09/10/2025 às 14h18
Por: Tribuna Popular Fonte: Agência Dino
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Divulgação/Freepik
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Durante a chamada "Semana do Saco Cheio", tradicional recesso escolar que ocorre entre os feriados de Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro) e o Dia do Professor (15), famílias costumam aproveitar o período para viajar, descansar ou realizar atividades fora da rotina. No entanto, para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa quebra na previsibilidade pode representar um grande desafio.

Mudanças inesperadas, excesso de estímulos e ausência de estrutura são fatores que podem desencadear crises emocionais, comportamentos desorganizados e um impacto significativo no bem-estar da criança e de toda a família.

Segundo Alessandra Freitas, especialista em aprendizagem e alfabetização com foco em educação inclusiva, manter certa organização durante o período de recesso é fundamental. A previsibilidade traz segurança para a criança com TEA. Quando a rotina é quebrada sem preparo prévio, é comum surgirem reações como irritabilidade, isolamento, choro, agressividade ou aumento nas estereotipias. Mas é possível evitar isso com ajustes simples”, afirma a educadora, que há mais de duas décadas desenvolve estratégias pedagógicas para crianças com autismo.

Alessandra reforça que os comportamentos apresentados por crianças autistas frequentemente funcionam como forma de comunicação. Quando a criança está mais agitada, retraída ou agressiva, ela está sinalizando que algo interno está em desequilíbrio. Não é birra nem desobediência, mas um pedido de ajuda. Cabe aos adultos interpretar esses sinais e oferecer suporte adequado”, destaca.

Dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que mais de 2,4 milhões de pessoas no Brasil têm diagnóstico de TEA, o que corresponde a 1,2% da população. Entre crianças de 5 a 9 anos, o índice é ainda maior: 2,6%. Já um levantamento da plataforma Genial Care revelou que 49% dos indivíduos com autismo já apresentaram sinais de autolesão, e 7% relataram tentativas de suicídio, números que evidenciam o sofrimento emocional muitas vezes por trás de comportamentos considerados “difíceis”.

Além disso, estudos apontam que aspectos como alimentação, sono e comunicação podem ser fortemente afetados por mudanças na rotina. Um artigo da Revista Brasileira de Psiquiatria mostrou que 34% das crianças com TEA apresentam seletividade alimentar severa, e 27% enfrentam desafios comportamentais durante as refeições. É comum também observar regressões no sono, episódios de autoagressão e resistência a ambientes desconhecidos.

Diante desse cenário, Alessandra orienta que as famílias busquem um equilíbrio: sem rigidez excessiva, mas mantendo elementos de familiaridade. “Mesmo fora da escola, é possível construir uma rotina visual com imagens das atividades do dia, manter horários semelhantes aos do cotidiano escolar e antecipar mudanças com o uso de fotos, vídeos ou histórias sociais. Atividades sensoriais, momentos de pausa e o respeito aos interesses específicos da criança também são fundamentais”, recomenda.

A especialista também chama atenção para a importância de ajustar as expectativas familiares. “Nem tudo vai sair como planejado, e está tudo bem. A viagem pode ter imprevistos, o passeio pode ser interrompido. Isso não significa que não valha a pena. Com empatia, acolhimento e estratégias adequadas, é possível viver uma semana leve e prazerosa para todos”, conclui.

Sobre a Alessandra Freitas

Alessandra Freitas é especialista em aprendizagem e alfabetização, com foco em educação inclusiva e desenvolvimento de estratégias pedagógicas para crianças com autismo. Fundadora do Eduka Todos, já impactou milhares de famílias, escolas e educadores com formações práticas e soluções acessíveis para a construção de ambientes escolares mais justos e inclusivos.

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