Embora a transformação digital tenha avançado nos últimos anos, muitas empresas ainda têm visões baseadas em interpretações distintas sobre o papel dos Sistemas de Gestão. Especialistas apontam que essa falta de alinhamento pode ter impacto direto na definição de estratégias e na maneira como as organizações utilizam os recursos tecnológicos disponíveis.
De acordo com Guilherme Sallati, Diretor de Operações da Upper, consultoria especializada em SAP Business One e Gold Partner da SAP há quase duas décadas, entender o que é mito e o que é realidade no uso de ERPs (Enterprise Resource Planning) é um passo essencial para que as empresas façam escolhas mais assertivas em sua jornada de digitalização.
Um dos mitos mais comuns é a ideia de que os sistemas ERPs são soluções restritas a grandes empresas. No entanto, o mercado já mostra uma realidade diferente. Pesquisas da Kearney e Rimini Street demonstram que a adoção de ERPs ocorre em diferentes estágios e portes de negócio. Além disso, soluções modulares e escaláveis têm se tornado cada vez mais acessíveis a pequenas e médias empresas.
Segundo o mesmo estudo, 72% dos sistemas atualmente em uso foram implantados antes de 2017, o que ajuda a explicar a percepção de processos demorados em projetos antigos. Para Guilherme Sallati, Diretor de Operações da Upper, "o uso de metodologias ágeis e de tecnologias em nuvem tem transformado o cenário, permitindo implantações mais rápidas, com prazos reduzidos e custos mais previsíveis".
Também persiste a crença de que um ERP pode engessar a operação da empresa. Mas, 47% das empresas consideram seus sistemas de gestão estratégicos e decisivos para o negócio, o que reforça o papel dessas soluções como facilitadoras da integração entre áreas, automação de processos e suporte à tomada de decisão baseada em dados.
Além dos mitos, o cenário atual evidencia o peso estratégico dos ERPs no ambiente corporativo. O mercado global dessas soluções deve ultrapassar os US$ 100 bilhões até 2029, segundo a consultoria Mordor Intelligence, refletindo um crescimento médio anual próximo de 9,7%. No Brasil, a concentração de fornecedores também chama atenção: eles somam aproximadamente 77% do mercado nacional, conforme levantamento da FGV.
Outro dado relevante mostra a disposição das empresas em renovar seus sistemas de gestão. A pesquisa Panorama Mercado Software revela que 33,31% das organizações planejam adquirir ou substituir seu ERP até 2026, um indicativo de que a atualização tecnológica segue como prioridade para aumentar a competitividade.
Para Sallati, a quebra desses mitos é determinante para que as empresas enxerguem o ERP como aliado estratégico. "Ao compreender que a tecnologia está mais acessível, flexível e rápida de implementar, as organizações passam a vê-la como um instrumento essencial para eficiência e crescimento", finaliza.
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