A melhoria de qualidade de vida de pessoas – e, consequentemente, de familiares de pacientes – com casos graves de doenças crônicas ou em situações em que a cura não é mais possível é o foco da equipe multiprofissional responsável pela abordagem dos cuidados paliativos. Controle dos sintomas, alívio da dor e apoio emocional são parte das ações realizadas para quem vive esta etapa da vida e informadas por meio de divulgações Semana Estadual de Cuidados Paliativos, anualmente realizada na semana que inclua o segundo sábado de outubro.
A melhoria da qualidade de vida de pessoas com doenças crônicas graves ou sem possibilidade de cura — e, consequentemente, também de seus familiares — é o principal objetivo da equipe multiprofissional que atua nos cuidados paliativos. O trabalho envolve o controle de sintomas, o alívio da dor e o apoio emocional aos pacientes. Essas ações são divulgadas durante a Semana Estadual de Cuidados Paliativos, promovida anualmente na semana que inclui o segundo sábado de outubro para conscientização das possibilidades de auxílio rumo à finitude da vida.
Criada pela Lei Estadual 5.922 de 2022 , de autoria de Zé Teixeira, a Campanha busca também sensibilizar as pessoas e desmistificar o pensamento comum que associa essa abordagem, estritamente, a doenças terminais. “É preciso mudar a ideia que se tem atualmente sobre os cuidados paliativos. Eles não são indicados apenas para os pacientes terminais. Toda pessoa com uma doença crônica grave merece o cuidado de uma equipe especializada. Temos que desmistificar a ideia de que cuidado paliativo significa eutanásia", considerou o deputado Zé Teixeira.
Segundo o Ministério da Saúde, alguns dos princípios da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) é a promoção de comunicação empática, respeito à autonomia e às preferências da pessoa cuidada. Dentre as diretrizes da Política, está o apoio ao uso racional de opioides, a valorização da continuidade do cuidado e o enfrentamento do racismo, da aporofobia (aversão à pobreza) e do capacitismo.
Diante desse cenário, com um maior envelhecimento da população, as políticas públicas voltadas para os cuidados paliativos se tornam cada vez mais necessárias para ampliar o acesso a esses serviços. O Governo Federal estimou pela PNCP a criação de 1.321 equipes em todo o país, com cursos para equipes multiprofissionais, em um investimento de R$ 887 milhões por ano. Últimos dados compilados do Ministério da Saúde, em 2024, estimaram que cerca de 625 mil pessoas no Brasil precisam de cuidados paliativos. Desse total, 33.894 são crianças e 591.890 são adultos.
O assunto já foi tema de audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), que debateu uma mudança na perspectiva da gestão do cuidado. Doutor em Cuidados Paliativos, Alexandre Ernesto Silva apresentou informações sobre o suporte. “É uma área que atua no conjunto de medidas capazes de prover qualidade de vida à pessoa por meio do alívio da dor e de sintomas estressantes, o que inclui suporte emocional, social e até espiritual, que pode ser proporcionado ao doente, mas também aos familiares. A questão não é o medo de morrer, mas como morrer e como ficarão os entes após a partida. Por isso há o acolhimento”, ressaltou.
O médico anestesiologista e especialista em Intervenção em Dor, Camilo Kageyama, atua diretamente com pacientes lidando com a dor, seja crônica ou aguda, e explica que o chamado “bloqueio da dor”, por meio da anestesia local, pode trazer o alívio necessário para ampliar o potencial humano, seja para viver melhor, seja na reta final da luta contra uma doença. "O controle da dor é um pilar importante na hierarquia das necessidades humanas. Não tem como explorar o potencial total das relações, do trabalho ou do propósito quando se vive com dor. Então, não é questão de aceitar a dor, é preciso enfrentá-la. Nos cuidados paliativos, há um choque de realidade. Normalmente, há uma expansão de consciência, mas a pessoa não consegue fazer uma análise profunda de si quando está com dor. Buscar conciliações, esclarecimentos, deixar situações resolvidas e equilibradas, nada disso é possível quando se sofre fisicamente. Por isso, precisamos oferecer recursos para que o paciente alcance esse equilíbrio, com medicamentos ou procedimentos minimamente invasivos, que trazem poucos efeitos colaterais", destacou.
Dentro da medicina da dor, Camilo Kageyama explicou que existem muitos recursos que proporcionam um alto grau de conforto físico e, consequentemente, outros tipos de conforto psíquico também. "Isso dá à pessoa a oportunidade de sentir todo o seu potencial e viver plenamente, mesmo que por um período mais breve. Lembro de um caso marcante, de uma mulher nova, de cerca de 40 anos, com uma filha de seis, enfrentando um câncer metastático, sem possibilidade de cura e com poucos meses de vida previstos. Ela sentia uma dor intensa e não tinha segurança de com quem deixar a filha. Assim, atuamos no controle da dor, que deu alívio — ainda que temporário — proporcionando a ela as condições de resolver outra dor, a que não era física. E isso fez toda a diferença. Ela pôde partir em paz”
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