Christiane Alkmin Junqueira Schmidt, diretora-presidente da MSGás, empresa estatal controlada pelo governo de Mato Grosso do Sul, vai passar a declarar em seu Imposto de Renda, anualmente, um rendimento por meio de salários e gratificações que poderá atingir R$ 1.248.269,52.
Conforme consta em ata da 13ª Assembleia Geral Extraordinária da MSGás, ocorrida no dia 28 de agosto, a remuneração básica de Christiane passará de R$ 35.009,20 para R$ 58.500,00, aumento de 67,09% no salário-base.
Na prática, contudo, a executiva da MSGás vai ganhar muito mais: R$ 89.397,46, quando passam a ser consideradas gratificações, benefícios e encargos, como gratificação natalina, gratificação de férias, vale-alimentação, vale-refeição, seguro de vida, plano de saúde e plano odontológico.
Além disso, a executiva da MSGás também terá direito a até três salários, como o citado acima, na forma de participação de lucros e resultados (PLR).
Para efeito de comparação, a remuneração da presidente da MSGás agora é mais do que o dobro da do governador Eduardo Riedel (PP), que, conforme o Portal da Transparência, recebe um salário de R$ 35.462,27.
O primeiro salário mais gordo da presidente da MSGás já foi pago no mês de setembro, e a vantagem financeira não foi só para ela.
O aumento vale para o diretor técnico e comercial da MSGás, Fabrício Marti, que passará a ter uma renda anual de R$ 980.744,16, e para a diretora administrativa e financeira da companhia distribuidora de gás natural e energia, Gisele Barreto Lourenço, cuja remuneração agora é de R$ 970.036,68.
Para o caso do diretor técnico e comercial, Fabrício Marti, a remuneração será paga pela sócia do governo de Mato Grosso do Sul na MSGás, a Commit Gás S.A., empresa composta pelas companhias Compass e Mitsui.
Já no caso do salário de Gisele Barreto Lourenço, a situação é semelhante à de Christiane. Ela terá uma renda total mensal de até R$ 69.586,39, e R$ 45 mil correspondem à remuneração básica. Os mesmos benefícios da diretora-presidente, inclusive a PLR, também se aplicam a ela.
O aumento salarial de Gisele foi de 44,38%. Antes de ter o salário-base fixado em R$ 45 mil, ela recebia R$ 31,1 mil por mês.
Nesta segunda-feira, inconformado com o reajuste concedido apenas para a diretoria da estatal, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia no Estado de Mato Grosso do Sul (Sinergia-MS) enviou ofício à diretoria da MSGás, queixando-se da disparidade salarial entre diretoria e corpo de funcionários e apontando incoerência quanto aos números
Enquanto para a presidente da empresa controlada pelo governo do estado de Mato Grosso do Sul o aumento salarial neste ano passou de 67%, para quase todos os outros funcionários, há tempos, não há ganho real (aumento acima da inflação).
“Por outro lado, os empregados da MSGás encontram-se há 10 anos sem obter ganho real, acumulando perdas salariais que, ao longo da década, impactaram significativamente no poder de compra e na qualidade de vida da força de trabalho”, afirmou o sindicato, em ofício.
“Essa estagnação salarial, contrastada com os reajustes aplicados aos cargos de direção, acentua a necessidade de uma política de valorização mais equilibrada e sustentável”, complementa.
O Correio do Estado procurou a MSGás para se posicionar sobre os aumentos. Não houve retorno da empresa, que está sem departamento de comunicação.
Também foi fixado pela Assembleia Extraordinária da MSGás, presidida pelo titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, (Semadesc) Jaime Verruck, um novo valor de remuneração mensal para os integrantes do Conselho de Administração da empresa.
Cada um dos membros receberá R$ 7.020,00, sendo R$ 5.850,00 livres de encargos.