O técnico do Santos, Jorge Sampaoli, quebrou o silêncio e concedeu de surpresa uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, no CT Rei Pelé. Estava previsto inicialmente que o atacante Marinho atendesse a imprensa.
Sampaoli explicou que foi a público falar sobre suas recentes reclamações formais demonstrando insatisfação com a postura da diretoria em determinados assuntosnesta semana. Na última quarta-feira, o presidente José Carlos Peres negou qualquer atrito com o técnico. O argentino afirmou que é impossível pedir demissão neste momento:
– Impossível (sair). Tenho um compromisso muito grande com todos aqui dentro. Tenho compromisso com todos os jogadores que estão aqui. Impossível, não abandonaria. Com o recurso que temos, temos que remendar. É isso que reclamo. Reclamarei todos os dias para que o Santos cresça – afirmou Sampaoli.
– Primeiro dia que vim ao Santos, eu tinha a ideia de construir um Santos campeão e protagonista. Reclamo ao presidente, ao gerente, aos jogadores. Temos que reclamar para estar à altura do Santos. Vivo reclamando sempre pelo Santos. É o meu clube e quero levar à altura. Não importa se tem problema financeiro, temos que buscar uma estrutura que faça com que o Santos tenha um time protagonista e competitivo. Tem que respeitar a camiseta. Reclamo com todos, o tempo todo. É uma particularidade de todos os dias que estou no Santos. Não importa se tem recurso, temos que respeitar a camisa do Santos – explicou o técnico.
– Me pareceu muito ruim que o e-mail vazou. Foi algo pessoal entre o treinador e o presidente. Trabalhamos para o Santos. Quero declarar que é algo que já passou. Não sou ninguém para criticar a função do presidente. Temos que encontrar o Santos de Pelé e superar. Era um time insuperável – emendou Sampaoli.
O verbo "protagonizar" foi um dos mais utilizados por Sampaoli na entrevista. O argentino não esconde o desejo de transformar o Santos em um dos candidatos ao título do Brasileirão.
– Temos que construir uma equipe que tem que protagonizar. Temos que suprir os jogadores que se foram. Temos que estar em cima das etapas de crescimento. Se não temos recursos, temos que ter arte. Temos que construir uma hierarquia e isso se faz debatendo. A única maneira de crescer em um lugar é com recursos. É fácil promover jogadores que não estão preparados, mas se queima etapas. Tudo é uma luta e por isso eu brigo todo dia.
– Temos que saber que temos que estar preparados para cada partida com o melhor que temos. A obrigação de ganhar é constante, mas é preciso ter recursos para ganhar. Eu vim porque minha imagem de Santos é o de Neymar e Pelé. O Santos grande. Temos que ganhar e ter protagonismo. A obrigação é ser responsável pelo lugar que estamos. Temos que jogar como jogamos contra o Corinthians.
No Santos há pouco mais de seis meses, Sampaoli tem contrato até o fim de 2020. No primeiro ano de vínculo, há uma multa rescisória de cerca de R$ 10 milhões, válida para ambos os lados em caso de quebra de acordo.
– Não vim ao Santos pelo dinheiro, vim pelo Santos. Estou feliz com a cidade, com os jogadores... Não tem obrigação do clube em trazer jogadores se não temos dinheiro, mas temos que ter estrutura – completou Sampaoli.
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