
O desentendimento público entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (RN), pode provocar o fim da Federação União Progressista antes mesmo da homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e atrapalhar alianças políticas em Mato Grosso do Sul para as eleições 2026.
Conforme apuração do Correio do Estado, uma reunião marcada para esta semana em Brasília (DF) entre as principais lideranças nacionais dos dois partidos pode selar o fim da federação ou pôr fim às disputas de Caiado e Ciro.
O conflito entre ambos é porque os dois líderes têm planos distintos para o próximo ano, já que Caiado busca viabilizar a candidatura à Presidência da República, enquanto Ciro sinaliza disposição para compor como vice-presidente em uma eventual chapa liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Lideranças sul-mato-grossenses de ambos os partidos ouvidas pela reportagem confirmaram que o movimento de rompimento da Federação União Progressista ganhou força após pedido do governador de Goiás, que vem articulando nos bastidores o rompimento da aliança.
Caiado deve se reunir nesta semana com o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e com o vice-presidente da legenda, ACM Neto, para discutir o futuro da aliança. O impasse se agravou após o desentendimento público entre ele e o senador Ciro Nogueira.
O governador de Goiás disse que a federação cria muita cizânia na maioria dos estados, principalmente na Bahia, onde a situação é muito delicada.
Isso porque parte expressiva do PP integra a base do atual governador Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto ACM Neto desponta como principal nome da oposição nas eleições de 2026, causando uma rachadura dentro da federação.
Com o apoio de ACM Neto, o governador goiano tem ganhado força para “melar” a federação, ainda mais porque ela ainda não foi homologada pelo TSE.
Porém, ainda de acordo com lideranças sul-mato-grossenses ouvidas pelo Correio do Estado, Ciro Nogueira estaria disposto a sentar para negociar com Caiado e ACM Neto, porém ambos estão arredios a tal possibilidade por interesses pessoais.
O certo é que, no momento, a chance do fim da Federação Progressista é de 50%, portanto, a reunião desta semana será decisiva e o embate, por enquanto, será entre as duplas Ciro Nogueira e Antonio Rueda contra Caiado e ACM Neto.
A esperança das lideranças de Mato Grosso do Sul é de que Ciro e Rueda estejam firmes em não deixar a Federação Progressista ruir antes mesmo de ser homologada pela Justiça Eleitoral.
No caso de a ruptura ser insolúvel, os dois partidos no Estado terão sérios problemas, pois, diferentemente de outras unidades federativas, em Mato Grosso do Sul, PP e União Brasil já estão praticamente com as chapas para deputados federais e estaduais montadas, faltando poucos nomes para fechar.
Com o provável fim da federação, as duas principais lideranças, a senadora Tereza Cristina (PP) e a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), terão de começar do zero, e Rose pode ser a mais prejudicada, afinal, já está tudo pronto para a candidatura dela à Câmara dos Deputados.
Do lado do PP, o maior afetado pode ser o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), deputado estadual Gerson Claro, que já se declarou pré-candidato ao Senado, mas, com o fim da federação, terá mais dificuldades para se viabilizar politicamente.
A federação partidária União Progressista foi oficializada no dia 19 agosto deste ano durante encontro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF). A federação soma 109 deputados federais e 15 senadores, com a maior bancada da Câmara dos Deputados e do Senado.
Além disso, tem seis governadores, cerca de 1.400 prefeitos e 12 mil vereadores. A União Progressista terá orçamento de quase R$ 1 bilhão de fundo eleitoral (R$ 536,5 milhões do União Brasil e R$ 417,2 milhões do PP).
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