Durante a nova edição do Feirão Limpa Nome, promovido em diversas frentes pela Serasa, Mato Grosso do Sul registrou a adesão de pelo menos 27 mil consumidores inadimplentes que procuraram renegociar suas dívidas.
Desse total, 15 mil são mulheres e 12 mil são homens, o que demonstra uma participação feminina mais intensa na tentativa de retomada do crédito.
O levantamento também indica que a liderança das mulheres se repete no número de acordos efetivamente concluídos. No Estado, foram 24,4 mil negociações finalizadas por consumidoras, enquanto os homens firmaram cerca de 20 mil acordos.
A diferença de 29,3% evidencia o protagonismo das mulheres no processo de renegociação e na busca pelo restabelecimento da vida financeira.
“A liderança feminina nas negociações é um recorte importante, mas também precisamos colocar em evidência o movimento de toda a população pela busca do ‘nome limpo’. Se há recorde de inadimplência, também há recorde de acordos. Neste mesmo período, o Brasil registrou 3,1 milhões de acordos, número 9% maior do que no ano passado”, afirma Aline Maciel, diretora da Serasa.
No cenário nacional, o Mapa da Inadimplência revela um equilíbrio quase absoluto entre os gêneros: 50,4% de inadimplentes mulheres e 49,6% de inadimplentes homens.
A disparidade, portanto, não está na quantidade de pessoas com dívidas, mas sim na disposição – maior entre elas – para negociar, procurar canais oficiais e reorganizar a saúde financeira.
Em todo o Brasil, esta edição do feirão já contabiliza mais de 1,7 milhão de dívidas negociadas, reafirmando o apetite da população por condições especiais de pagamento em um ano marcado por juros altos e renda pressionada.
Em Mato Grosso do Sul, a faixa etária que mais buscou renegociar seus débitos foi a de 31 anos a 40 anos. Foram 13,9 mil acordos firmados, por mais de 8 mil consumidores, com R$ 174 milhões em descontos concedidos – um dos maiores volumes já registrados pela Serasa no Estado.
Logo na sequência aparece o grupo de 26 anos a 30 anos, responsável por mais de 8,4 mil acordos. A participação de jovens entre 18 anos e 25 anos, com 5,5 mil dívidas negociadas, também chama atenção, indicando que o endividamento chega cada vez mais cedo à vida financeira dos sul-mato-grossenses.
Entre consumidores de 51 anos a 65 anos, foram contabilizados mais de 7,7 mil acordos, enquanto aqueles com mais de 65 anos responderam por pouco mais de 900 negociações.
“Essa diversidade de consumidores que fecharam acordos reforça que o endividamento é um desafio presente em todas as etapas da vida. O Feirão Limpa Nome é uma oportunidade para que consumidores de todas as idades possam negociar suas dívidas e retomar o controle financeiro”, explica Aline.
Apesar da mobilização do feirão, o número de renegociações segue baixo em relação ao universo total de inadimplentes em Mato Grosso do Sul. Este ano, o Estado alcançou 1,2 milhão de pessoas com dívidas em atraso, dentro do contingente de 80 milhões de brasileiros nessa condição.
Com isso, os 27 mil consumidores que negociaram ou quitaram suas dívidas representam apenas 2,25% de todos os inadimplentes sul-mato-grossenses. O porcentual é considerado reduzido pelo próprio Serasa, diante do volume expressivo de oportunidades oferecidas no feirão, que garante descontos de até 99% em alguns casos.
Segundo analistas, a baixa adesão pode refletir a falta de educação financeira e também o impacto no cenário macroeconômico: inflação acumulada, juros altos e erosão da renda ao longo dos últimos anos. Muitos consumidores, mesmo interessados em negociar, não conseguem assumir novos compromissos de pagamento.
Em entrevista ao Correio do Estado, o porta-voz da Serasa, Emir Zanatto, reforçou que o número de inadimplentes cresce, mas o valor das dívidas permanece relativamente estável, o que indica que a origem do problema segue praticamente a mesma.
“As pessoas têm, em média, seis dívidas, que somadas chegam a quase R$ 7 mil. São valores relativamente baixos, mas que se acumulam com o tempo. No Brasil, o maior motivo de inadimplência ainda são os bancos e cartões de crédito, e o segundo maior motivo são as utilities, como contas de água e luz. O que é preocupante, porque, geralmente, não são contas muito altas”, afirma.
Em setembro, a Serasa registrou 5.298.655 dívidas ativas em Mato Grosso do Sul, totalizando R$ 8,85 bilhões. O valor médio devido por pessoa é de R$ 7.278,45, enquanto o valor médio de cada dívida é de R$ 1.670,85.