O empresário e ex-deputado estadual Roberto Razuk vai passar por perícia médica para avaliar a prisão domiciliar decretada na última semana, após a nova operação policial contra o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
Agora, o médico irá avaliar se Razuk, de 84 anos, tem condições de cumprir a prisão preventiva no presídio. Ao ser liberado para domiciliar, o empresário brincou com jornalistas, pedindo para deixarem ele bonito nas fotos. Na ocasião, ele estava de pantufa verde e cadeira de rodas.
Em despacho publicado na edição desta segunda-feira (1) do Diário da Justiça Eletrônico, a juíza do Núcleo de Garantias de Campo Grande, May Melke Amaral Penteado Siravegna, deu cinco dias para a defesa listar as perguntas para a perícia.
No dia 26 de novembro, Razuk conseguiu habeas corpus para cumprir a prisão preventiva em casa. Ele havia sido preso um dia antes, assim como outros 19 investigados.
Na terça-feira, 25 de novembro de 2025, o Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) deflagrou a quarta fase da Operação Successione, contra uma organização criminosa que explora jogos ilegais.
Foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã. Alvos também foram identificados no Paraná, em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Em dezembro de 2023, o Gaeco identificou que o grupo tentou assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande, após a derrocada da família Name na Operação Omertà, em dezembro de 2019.
O deputado estadual Neno Razuk (PL) — filho de Roberto Razuk — é apontado pelos promotores como líder da organização criminosa que contava com policiais militares como ‘gerentes’ do grupo que controlava o jogo do bicho no Estado.
Roberto Razuk foi apontado pelo Gaeco como antigo chefe da operação do jogo do bicho na região sul do Estado. Até a década de 1990, o esquema em todo o Mato Grosso do Sul era liderado por Fahd Jamil, também alvo da Successione em fases anteriores.
Fahd deixou o comando da organização criminosa e dividiu a operação em duas frentes: a região de Campo Grande ficou com Jamil Name e a região de Dourados e Ponta Porã passou para Roberto Razuk. O antigo líder ficou distante, mas manteve influência, como mostrou reportagem da revista Piauí, em dezembro de 2024.
A organização criminosa baseada em Dourados que explorava o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul tinha planos de expandir a operação ilegal, conforme a denúncia que levou à prisão 20 pessoas investigadas na quarta fase da Operação Successione. Do grupo, apenas Roberto Razuk conseguiu prisão domiciliar.
Na decisão da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias de Campo Grande, os promotores voltam a citar o deputado estadual Neno Razuk (PL) como líder do esquema, e ainda em busca de expandir os “negócios” para além da região de Dourados.
A juíza cita que o MP descobriu que outros filhos de Razuk, Jorge e Rafael, levaram as apostas para a internet. Jorge teria aberto um site para o jogo do bicho, enquanto Rafael é sócio em uma bet.
O empresário Willian Ribeiro de Oliveira, influente em Goiás, foi escalado pelo clã Razuk para estudar a possibilidade de expandir os “negócios” para o estado vizinho, até mesmo antagonizando o poderoso grupo do famoso bicheiro Carlinhos Cachoeira, que foi personagem de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional em 2012.
Ao decretar a prisão preventiva, May Melke cita ainda que os Razuk estariam em atividade desde 2021 para ocupar o vácuo deixado pela família Name, que explorava o jogo do bicho na Capital e foi “derrubada” pela Operação Omertà, em 2019.