No ano em que assumiu o bolsonarismo, voltou à política e abandonou a opção pelo anonimato, Edson Giroto amealhou mais três condenações na Justiça estadual por denúncias na operação Lama Asfáltica, realizada pela PF (Polícia Federal).
Em 2025, o ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal foi recebido com festa pelo PL, inclusive com a presença de Valdemar da Costa Neto, dirigente máximo do partido. Giroto almeja ser candidato a deputado federal.
A condenação mais recente foi na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande. O juiz Luiz Eduardo Lacerda Trevisan determinou suspensão dos direitos políticos por oito anos, a perda da função pública e indenização de R$ 200 mil. O processo da operação Lama Asfáltica foi por improbidade administrativa pelo desvio de R$ 5,7 milhões na recuperação da MS-338, em Ribas do Rio Pardo.
“A participação de Edson Giroto no desvio de dinheiro público em obras realizadas no Estado de Mato Grosso do Sul, com a participação de João Alberto Krampe Amorim dos Santos, de quem, aparentemente, é muito próximo, por meio de ciência de que eram realizadas medições de obras não executadas em sua integralidade, mas atestadas como integralmente realizadas, restou demonstrada nos autos”, destacou o magistrado sobre o ex-secretário.
Em outubro, Giroto foi condenado ao pagamento de quase R$ 12 milhões por enriquecimento ilícito e danos morais coletivos, além da suspensão dos direitos políticos por 12 anos. A sentença foi do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
“Embora tenha ocupado cargos públicos com subsídios razoáveis para amealhar certo patrimônio, a prova colhida comprova que seus rendimentos se mostraram insuficientes e muito aquém para justificar a vultosa e milionária evolução patrimonial por ele constituída”.
No mesmo mês de outubro, o ex-secretário de Obras já tinha sido condenado a ressarcir R$ 305.904,35 e teve os direitos políticos suspensos por 10 anos. Mais uma vez a decisão foi do juiz Ariovaldo. A denúncia, também derivada da operação Lama Asfáltica, apontou desvio de dinheiro público na rodovia MS-228, em Corumbá.
A Proteco Construções, empresa de Amorim, não executou 27,7 dos 42 quilômetros da via. A firma recebeu R$ 7,9 milhões, dos quais R$ 2.962.136 foram desviados.
Em 2020, Edson Giroto foi condenado a pena de um mês em regime aberto pela agressão à jornalista em frente à Superintendência da PF (Polícia Federal), em Campo Grande.
Ainda no ano de 2020, Giroto foi condenado por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito por não provar a fortuna investida na compra de duas fazendas, de avião e na construção de mansão em residencial de luxo.
O juiz David de Oliveira Gomes Filho determinou a devolução R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, pagamento de multa civil de R$ 3 milhões e indenização por danos morais de R$ 3,3 milhões. Além da suspensão dos direitos políticos por oito anos. Mas o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul mandou refazer a decisão.
Em novembro deste ano, Giroto foi inocentado na ação por desvio de dinheiro público na obra da MS-184, em Corumbá. A decisão foi do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa.
No mês de setembro, o magistrado Giuliano Máximo Martins inocentou o ex-secretário estadual de Obras de fraude na licitação e de desvio de 10,7 milhões no contrato das obras de suporte à vida e cenografia do outrora conhecido como Aquário do Pantanal, atualmente denominado Bioparque.
“Inexistem nos autos elementos de convicção que evidenciem enriquecimento ilícito dos agentes públicos envolvidos, tampouco demonstração efetiva de superfaturamento nas contratações objeto da investigação. A alegada indevida dispensa licitatória não restou comprovada, permanecendo no plano das ilações”.
Em agosto deste ano, o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, absolveu Giroto na denúncia pelo desvio de R$ 5,1 milhões na obra de manutenção da MS-357, em Ribas do Rio Pardo.
No ano passado, a Justiça Federal rejeitou a denúncia contra o ex-governador André Puccinelli (MDB), Giroto e Amorim por fraudes e superfaturamento de R$ 10,2 milhões na pavimentação da MS-040.
De acordo com a juíza Júlia Cavalcante Silva Barbosa, a acusação do Ministério Público Federal “carece do mínimo de clareza e precisão quanto aos fatos, supostamente delituosos”.
Em 2022, na primeira sentença da Lama Asfáltica na Justiça estadual, o juiz Roberto Ferreira Filho apontou “fragilidade” das provas e absolveu o ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, e mais cinco pelo suposto desvio de R$ 6,307 milhões na obra de manutenção da MS-184, em Corumbá.
Após sofrer duas condenações na Justiça Federal, Giroto viu o TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) afastar o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, que era o titular da 3ª Vara Federal de Campo Grande.
O magistrado acabou considerado “inquisitorial” porque durante audiência pelo desvio de dinheiro na MS-430 fez 40 perguntas a uma testemunha. Enquanto o Ministério Público Federal não fez nenhum questionamento. Como as ações são sigilosas, não se sabe se as duas condenações foram anuladas de fato.