Após colher os depoimentos das testemunhas de defesa antes do recesso de fim de ano, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vai ouvir os deputados federais Marcos Pollon (PL), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Zé Trovão (PL-SC) em fevereiro de 2026. O trio é acusado de adotar conduta incompatível com o decoro parlamentar durante a ocupação do Plenário, no início de agosto, em motim que tomou a Mesa Diretora e a cadeira do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
O parlamentar sul-mato-grossense responde a dois processos, um pelo motim e outro por ofensas a Hugo Motta durante manifestação de bolsonaristas em Campo Grande. Ele pode ter o mandato suspenso por 120 dias.
Na última sessão do julgamento, realizada na terça-feira (16), o presidente do Conselho de Ética, deputado Fabio Schiochet (União-SC), informou que Marcos Pollon terá o direito de interrogar todas as testemunhas que os denunciados indicaram, para não ter sua defesa prejudicada. A previsão para a retomada dos trabalhos é no início de fevereiro.
Na primeira sessão do julgamento, em 10 de dezembro, Pollon chegou a chorar quando comentou sobre condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e ao ler mensagem de sua esposa, que disse estar “bastante preocupada” diante dos processos disciplinares que podem fazer o sul-mato-grossense ser suspenso por quatro meses.
Pollon também chorou ao relatar que sua esposa ficou em “choque” durante uma operação da polícia no condomínio em que a família mora para prender suspeitos responsáveis pela lavagem de dinheiro do crime. Desde então, ela ficou abalada.
No dia seguinte, 11 de dezembro, o deputado passou mal e precisou de atendimento médico durante a reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Antes do problema de saúde, o parlamentar sul-mato-grossense afirmou que sofre de uma “condição neurológica” e estava sem dormir nos dias anteriores ao julgamento.
Pollon divulgou que sofreu uma crise aguda decorrente de hiper estímulo, associado a pico hipertensivo súbito, o que resultou em licença médica por nove dias.
A semana atribulada foi encerrada com revolta de Pollon com a continuidade do julgamento no Conselho de Ética sem sua presença. Durante a sessão do dia 12 de dezembro, o advogado Clebson Gean da Silva, designado pela Câmara para atuar na defesa de Pollon, renunciou à representação no curso do processo disciplinar. Ao justificar a desistência, o advogado afirmou não reunir condições para exercer a defesa após ter sido ameaçado pelo próprio representado.
Segundo Clebson da Silva, Pollon teria feito contato telefônico informando que iria representá-lo formalmente. “No exercício da função pública de advogado da Casa, não vou me submeter a ameaça dessa natureza”, declarou o defensor. A sessão foi suspensa e depois encerrada.