
Antes de ser preso, o ex-banqueiro Daniel Vorcaro recebeu o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e políticos, para um jantar em sua mansão de R$ 36 milhões e 1,7 mil metros quadrados de área construída no Lago Sul, em Brasília.
Ele recebia com frequência diversos políticos. Pelo menos em uma dessas noites, no último trimestre do ano passado, Moraes esteve presente, mas estava sem a companhia da esposa, Viviane, cujo escritório de advocacia tinha o ex-banqueiro como o seu melhor cliente.
Neste jantar, quando já vigia o contrato de R$ 129 milhões de Viviane com o Banco Master, Moraes dividiu as conversas com políticos poderosos do Centrão, deputados, ex-ministros e, naturalmente, com o gentil anfitrião.
Era o único ministro do STF entre os cerca de vinte convidados, todos homens, segundo o jornal O Globo.
Segundo o relato de um dos participantes deste e de outros jantares na casa brasiliense de Vorcaro, eram noites de conversas amenas.
‘Nem é preciso discutir a possibilidade de algum assunto do Master ter sido conversado naquela noite. Até porque, se fosse o caso, teriam ocasiões mais discretas para isso. Mas parece claro que a simples presença de um integrante da Corte num jantar na casa do melhor cliente de sua mulher pode soar inconveniente’, publicou o jornal.
O ex-banqueiro Daniel Vorcaro foi preso em 17 de novembro enquanto tentava embarcar no seu jatinho particular no Aeroporto de Guarulhos, São Paulo.
Vorcaro e outros sócios do banco foram alvo da Operação Compliance Zero, deflagrada pela PF para investigar a concessão de créditos falsos pelo Banco Master, incluindo a tentativa de compra da instituição financeira pelo BRB (Banco Regional de Brasília), banco público ligado ao governo do Distrito Federal. De acordo com as investigações, as fraudes podem chegar a R$ 17 bilhões.
Após a prisão, os advogados de Daniel Vorcaro negaram que o banqueiro tentou fugir do país e sustentaram que ele sempre se colocou à disposição para contribuir com a apuração dos fatos.
Um habeas corpus foi concedido no dia 28 do mês passado. Com a decisão, Vorcaro e os sócios Augusto Ferreira Lima, Luiz Antonio Bull, Alberto Feliz de Oliveira e Angelo Antonio Ribeiro da Silva deverão usar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de exercer atividades no setor financeiro, de ter contato com outros investigados e de sair do país.
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