Neste dia 11 de outubro de 2019, o Estado de Mato Grosso do Sul completa 42 anos de criação. Contudo, o desejo separatista da região norte remete aos primórdios do século XX. Durante a revolução constitucionalista de 1932, a região sul do então estado de Mato Grosso se tornava, entre os dias 10 de julho e 2 de outubro daquele ano, um estado federativo sem autorização da União intitulado Estado de Maracaju. A “nova” unidade rebelde reclamava o território, que hoje é o atual Mato Grosso do Sul.
O viés pujante, empreendedor e pioneiro sempre foi premissa desta região Centro-Oeste do Brasil. No mesmo período, diversos municípios de Mato Grosso do Sul nasceram da necessidade educacional e desenvolvimentista que a localidade exigia, e um dos exemplos é o município de Maracaju, distante 179 quilômetros da Capital.
Inauguração da ferrovia da Noroeste do Brasil em Maracaju
O município surgiu de uma exigência para a construção de uma unidade escolar. No início da década de 20, vindo de Uberaba-MG, o mascate João Pedro Fernandes se instalou em Mato Grosso, na região de Santa Rosa, no sudoeste do Estado, e trouxe na bagagem uma pequena farmácia. Além de vender remédios, ele se tornou médico e passou a atender toda a região que, antes disso, dependia do deslocamento até os municípios de Nioaque e Campo Grande.
Em meados de 1923, passou a cogitar-se na região a mudança de João Pedro Fernandes para o povoado de Entre Rios (hoje Rio Brilhante). Os fazendeiros se reuniram na Santa Rosa e decidiram fundar um patrimônio, onde construiriam uma casa e uma farmácia para João. Ele concordou parcialmente e, ao invés da construção proposta, o então médico exigiu a construção de uma Escola para as crianças da região.
Intitulada “Associação Incentivadora de Instrução” nascia, assim, no dia 11 de junho de 1924, o “Distrito da Paz”. Quatro anos depois, em 7 de julho de 1928, o distrito foi elevado a Município de Maracaju, recebendo a transferência da Comarca de Nioaque.
EE Cel Lima de Figueiredo Com cinco anos de existência, a cidade necessitava de uma nova unidade escolar em função do deslocamento necessário à região da Vila Juquita e Bairro Paraguai. Para chegar na única escola disponível (João Pedro Fernandes), era feita a travessia do córrego Monte’alvão, que cortava a cidade em um ponto conhecido como “pinguela do Arakaki”. Diante da necessidade, nascia, em 1929, na região da Vila Juquita, a Escola Cel. Lima de Figueiredo.
- 75 anos da escola em 2004
- Gincana cultural década 80
- Desfile na década de 80
O primeiro endereço da unidade escolar – em 1929 – foi na rua Vacaria, hoje prédio do Posto de Saúde Nestor Ferreira Muzzi. No local, a Escola funcionou até a década de 40, com o surgimento da Rede Ferroviária Noroeste, que resultou no crescimento vertiginoso da região. O colégio, para atender a demanda, mudou de endereço e passou as atividades para rua Noroeste, onde hoje está em funcionamento o Projeto Mirim.
O endereço antigo, na rua Vacaria, funcionou – por muito tempo – como extensão da escola. Nesse contexto, para homenagear o militar e intelectual carioca que atuava na direção da ferrovia, cuja instalação foi o mecanismo propulsor do crescimento urbano, o projeto recebeu o nome de Escola Coronel Lima Figueiredo.
Oficial do Exército Brasileiro, ensaísta, pesquisador, geógrafo e historiador, José de Lima Figueiredo foi escritor e autor de livros como “A conquista do Brasil pelos Brasileiros”, “A Noroeste do Brasil”, “Limites do Brasil” e “Grandes Soldados do Brasil”. Natural do Rio de Janeiro, no período de 1946 a 1950 ele assumiu a direção da Ferrovia Noroeste, uma das principais estradas de ferro do País que compreendia São Paulo até o Mato Grosso. Por fim, o militar seguiu carreira política em São Paulo, deixando seu nome também na história de Maracaju.
A escola, que empresta seu nome, recebeu – em 1977 – o endereço fixo na rua Esperança, número 09, pela gestão do prefeito Luiz Gonzaga Prata Braga. Oficialmente inaugurada em março de 1978, contou com a atuação de diversos profissionais, voltados ao ideal libertador da educação transformadora para o cidadão.
Galeria dos ex-diretores da EE Cel. Lima de Figueiredo
Nos 90 anos de existência, diversos profissionais contribuíram para a formação dos cidadãos maracajuenses, entre eles o atual secretário adjunto da SED, Edio Antonio Resende de Castro. “Toda minha formação passou por esta escola. Sou filho de uma servidora administrativa, estudei, fui professor, coordenador, diretor da escola e hoje, após 23 anos, tenho a grata satisfação de mais uma vez cuidar, com todo carinho, da minha querida EE Lima de Figueiredo”, relatou Edio, que foi um dos 16 diretores na história da escola – desde 1948 – e esteve à frente da unidade entre os anos de 1993 e 1996.
Momento de comemoração: Fátima, tia Verinha, professora Gilzane e dona Edna
A inspetora aposentada Vera Lúcia Amarila, de 63 anos, nasceu na Vila Juquita e continua residindo na localidade até hoje. No decorrer dos anos, ela passou pelos três estabelecimentos, como estudante e também como servidora estadual efetiva por 33 anos, na função de inspetora escolar. “Tive a oportunidade única de poder contribuir com a formação de milhares de crianças e jovens que, hoje, mesmo na fase adulta, me chamam carinhosamente como “tia Verinha”. Não tem valor que pague esse carinho que só a Escola Cel. Lima de Figueiredo me proporcionou”, enfatizou Vera Lúcia, que entrou na instituição como servidora efetiva em 1979 e se aposentou em 2012.
Hoje, a Escola Estadual Cel. Lima de Figueiredo é dirigida pelo professor Cleber Vanderlei Colpo e conta com 749 estudantes matriculados. A unidade é responsável pela oferta de turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio, e da EJA – Conectando saberes – do Ensino Médio. “Há quase um século estamos contribuindo para o desenvolvimento de Maracaju, me sinto honrado por poder fazer parte desta tão honrosa história de nossa cidade e também de Mato Grosso do Sul”, finalizou Colpo.
Texto: Adersino Junior – Secretaria de Estado de Educação (SED). Fotos: Arquivo escolar.