Salários da família do prefeito custam mais de R$ 85 mil por mês aos cofres de Corumbá
04/11/2019 às 11h15
Por: Tribuna Popular
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Enquanto denúncias se arrastam na 5ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público, a Prefeitura de Corumbá se tornou fonte de empregos para a família do prefeito Marcelo Iunes (PSDB). Pelo menos 4 parentes, além do próprio titular, custam juntos mensalmente R$ 85.968,91 aos cofres públicos corumbaenses.
Eleito como vice de Ruiter Cunha em 2016, Iunes ficou com o comando da cidade em novembro de 2017, quando o titular morreu após cirurgia para corrigir um aneurista. Desde então, Marcelo trocou o PTB pelo partido do governador Reinaldo Azambuja, e nomeou em cargos públicos a esposa, uma cunhada, um cunhado e um irmão.
Recentemente, após 6 meses para investigar dados disponíveis em rápidas consultas pela internet, o promotor Luciano Bordignon Conte tomou uma atitude. Mas, tudo que fez foi publicar uma ‘recomendação’ para Iunes demitir um dos parentes.
O promotor titular do Patrimônio Público em Corumbá levou seis meses para decidir enviar à Prefeitura apenas a ‘recomendação’ pela exoneração do cunhado, Jeferson Telles Moreira, agraciado com nomeação como assessor especial e salário mensal de R$ 7.420,00 pelo prefeito Marcelo Iunes.
Enquanto isso, a esposa e a cunhada do prefeito também custam aos cofres públicos de Corumbá mais de R$ 24 mil reais por mês.
As duas são nomeadas em cargos com salário bruto de R$ 12.480,00, segundo informações do Portal da Transparência.
A esposa de Marcelo, Amanda Cristiane Balancieri Iunes, foi nomeada por ele como secretária especial de Cidadania e Direitos Humanos, e sua cunhada, Glaucia Antonia Fonseca Dos Santos Iunes, para o cargo de secretária municipal de Assistência Social. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) chegou, inclusive, a abrir inquérito civil para apurar o caso.
Irmão na Santa Casa
Outro que também foi agraciado por Marcelo Iunes com cargo é o irmão dele, Eduardo Aguilar Iunes. Servidor concursado na prefeitura, ele chegou a ser nomeado secretário municipal de Governo em janeiro do ano passado, mas ficou no cargo apenas oito dias.
Após a pressão popular para o festival de nomeações familiares que transformou a Prefeitura de Corumbá em cabide de empregos, Eduardo acabou ‘escolhido’ como membro da Junta Interventora da Santa Casa de Corumbá. Atualmente, somando o salário como auditor, mais os adicionais listados no portal da transparência, o irmão de Marcelo recebe R$ 18.922,25.
O ato rende, além do salário regular a Eduardo, pelo menos mais R$ 3 mil mensalmente, e pode, segundo as denúncias, ser classificado como nepotismo, assim como o caso de Jefferson. Já a nomeação da cunhada e da esposa, não é ilegal e foi liberado em decisão do STF por se tratar de cargo de caráter político, e não técnico.
Suspeita no diploma e problemas com servidores
Contudo, a nomeação de Glaucia ainda gera questionamentos legais, uma delas inclusive já resultou na abertura, no início do mês, de inquérito civil do MPMS para investigar a autenticidade de diploma apresentado em sua posse. O processo segue em investigação e com acesso restrito por senha no sistema do Ministério Público.
Dois inquéritos que apuravam irregularidades entre servidores já ‘naufragaram’ este ano, sendo arquivados. Um deles sobre suposto nepotismo entre dois servidores que são casados, trabalhando a esposa na prefeitura e o marido na Fundação de Esportes. O caso não foi considerado nepotismo por trabalharem em pessoas jurídicas diferentes.
Já o outro caso se refere a uma servidora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) local que foi nomeada professora. Como ela efetivamente exerceu o cargo de professora e cumpriu a carga horária em período alternativo, com aval da chefia, e as faltas foram descontadas do salário, o inquérito também foi arquivado pelo MPMS.
Ainda assim, dois inquéritos recém-abertos tentam apurar outros problemas envolvendo servidores municipais. Um deles quer saber por que funcionários da Saúde que faltaram ao serviço não tiveram os dias descontados em folha. O segundo investigará o não cumprimento da carga horária dos servidores da Educação no município.
A prefeitura de Corumbá foi acionada no último dia 28 para se posicionar sobre as nomeações de parentes do prefeito Marcelo Iunes e a reportagem ainda aguarda resposta, que será prontamente levada até os leitores assim que disponibilizada.
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul também foi acionado oficialmente em 28 de outubro com pedido para detalhar as investigações em andamento na 5ª Promotoria de Justiça de Corumbá envolvendo suspeitas de irregularidades nas contratações de Marcelo Iunes, e explicações sobre o tempo levado para chegar a medidas efetivas nos procedimentos instaurados envolvendo o prefeito, mas até o momento não houve resposta.
*Midiamax
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