Primeiro jogador a conceder entrevista coletiva na última rodada de amistosos da seleção brasileira em 2019, o atacante Willian lamentou o episódio de racismo sofrido por Taison, no Shakhtar, da Ucrânia, no último domingo.
Ex-jogador da equipe ucraniana, Willian cobrou respostas de entidades e federações para punir e coibir casos como esse. Para o atacante, que atuou pelo Shakhtar, os jogadores têm limite em reações e a responsabilidade deve ser dividida com dirigentes.
Thiago Silva, Casemiro, Willian, Arthur e Richarlison no treino da seleção brasileira em Abu Dhabi — Foto: Pedro Martins/MoWa Press
– É mais um episódio triste que acontece no futebol. Nós, jogadores, o que está ao nosso alcance a gente faz, a gente procura fazer para que isso acabe. Mas a responsabilidade maior é das entidades, das federações. Eles têm que se pronunciar nessas situações. Teve essa situação ontem e a federação ucraniana não se pronunciou. Teve há um tempo atrás com a seleção da Inglaterra e a Uefa também não se pronunciou. Então, situações como essa eles têm que se pronunciar, tem que ter a punição para que isso acaba de uma vez por todas. A gente fica triste e espera que isso possa acabar o mais rápido possível – disse Willian.
Willian foi vendido pelo Corinthians para o Shakhtar quando era muito jovem e lembrou que também sofreu com racismo no país do leste europeu. De lá para cá, para ele, pouca coisa mudou.
– Quando eu sai do Corinthians e fui para a Ucrânia, com 18 para 19 anos, passei por isso uma vez, não me lembro o jogo. É claro que a gente fica triste pela situação, isso já faz uns 10, nove anos. A gente espera que isso possa mudar, vemos isso acontecendo em dias como hoje, não só no futebol, mas em outras áreas também. Esperamos que isso possa acabar de uma vez por todas. Ver jogadores deixando o campo chorando nos constrange muito. Espero que isso possa acabar de uma vez por todas.
Willian nos tempos de Shakhtar, ao lado de Fernandinho: ele jogou seis anos em Donetsk, na Ucrânia — Foto: Divulgação/Site Oficial do Shakhtar
De volta para a Seleção depois do título da Copa América, o experiente jogador comentou sobre o duelo do dia 15 de novembro, em Riad, na Arábia Saudita, contra a Argentina. Sem vencer desde a final da competição continental - 3 a 1 contra o Peru - e com três empates e uma derrota desde então, o Brasil precisa ter equilíbrio num clássico de tanta rivalidade e tão tradicional.
– Quando se trata de Brasil e Argentina sempre tem uma pressão maior. Dentro da seleção brasileira é natural que quando se ganha a positividade é maior, a confiança aumenta, e quando perde tem a pressão também. É achar o equilíbrio. Brasil e Argentina é um jogo difícil, um clássico, mesmo em amistoso. Creio que o Brasil tem grande chance de fazer uma grande partida, conseguir uma vitória depois de quatro partidas. Precisamos ir com o pensamento positivo e buscar a vitória – comentou o jogador.
Sobre a novidade da vez da seleção brasileira, o atacante Wesley Moraes, do Aston Villa, da Inglaterra, Willian referendou a convocação do jogador. Ele substitui David Neres, do Ajax, da Holanda, cortado por lesão. Além de David, outro cortado foi o goleiro Ederson, do Manchester City, da Inglaterra.
– Ele está muito bem, tenho acompanhado um pouco dos jogos dele. É um jogador que está muito bem, adaptado, parece que está na Inglaterra há um tempo, fazendo gols. Espero que ele possa ser feliz também na seleção brasileira – opinou Willian.
Wesley pelo Aston Villa: jogador foi convocado para a seleção brasileira pela primeira vez aos 22 anos — Foto: Instagram/Wesley Moraes
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Willian:
– Na seleção brasileira a gente é sempre cobrado, quando os resultados não vêm tem a cobrança e a pressão. Tem que ter um equilíbrio, uma mescla, é o que ele tem feito, misturando os mais experientes com os mais jovens. O Tite tem feito o mesmo desde que fomos campeões da Copa América, mas os resultados não estão vindo. É continuar trabalhando, firme, com os pés no chão e tentar o resultado positivo no próximo jogo.
– Quando se trata de Brasil x Argentina, é sempre truncado, um jogo difícil de jogar. Num jogo como esse a experiência conta bastante. Mas, como eu disse, mescla é importante, mas também é um jogo de observação. Tem jogadores chegando, mostrando potencial. A gente quer um desempenho bom e um resultado positivo.
– É um grande jogador, incomparável, o melhor jogador do mundo. Já enfrentamos a Argentina com ele algumas vezes, esse será mais um jogo. A atenção nele é sempre especial, sabemos o que tem que fazer, principalmente contra o Messi, que é encurtar espaços. Não vamos fazer marcação individual, mas o jogador que estiver no setor tem que tirar o espaço dele, não deixar pensar muito.
– Neymar sempre é uma referência para a gente, para o futebol brasileiro, é um grande jogador, todo mundo sabe da qualidade dele. A Seleção também tem jogadores para suprir a ausência dele, jogadores de qualidade. A força do grupo é o que mais conta. Esse é nosso principal objetivo, jogar como grupo, aí a individualidade vai aparecendo. Eles têm Messi, nós não temos Neymar, mas temos jogadores de qualidade também.
- O Son é um grande jogador, vem se destacando no Tottenham. Hoje em dia não tem adversário fácil, qualquer um que o Brasil vá enfrentar será um adversário difícil. Os quatro jogos passados foram difíceis também, contra a Coréia será mais um jogo. Temos de estudar bem a equipe deles para não ser surpreendido. Vamos nos preparar para fazer bons jogos.
*Globo Esporte
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