A argentina Lucrecia Martel é tão tranquila e sorridente que sua fala rápida e afiada pode surpreender um desavisado. Mas a diretora de filmes como O Pântano (2001) e A Menina Santa (2004), verdadeiras bofetadas na classe média e na religião, há muito pensa e problematiza questões que pulsam na Argentina, assim como no vizinho Brasil – sua visão da América Latina é, aliás, a de um continente mais homogêneo que heterogêneo, distinta da forma como os brasileiros costumam olhar para a região, apartando-se dos outros países.
Em passagem por São Paulo para divulgar Zama, longa de época adaptado do romance publicado em 1956 por Antonio Di Benedetto, sobre um funcionário da Coroa Espanhola que aguarda indefinidamente por uma transferência que o moverá de um verdadeiro fim de mundo para junto da mulher e dos filhos, ela falou a VEJA sobre os temas que pautam a sua obra. Repetiu de forma ainda mais categórica um diagnóstico que já havia dado à imprensa argentina e espanhola, a de que as séries televisivas são super valorizadas — na verdade, diz, um passo atrás na produção audiovisual. E, como boa argentina, falou sobre política, é claro.
*Veja
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