MOSCOU – O número 10 da seleção brasileira está nas costas de Neymar, mas bem que poderia estar com seu velho amigo Philippe Coutinho. Mais uma vez, o camisa 11 foi brilhante na vitória categórica sobre a Sérvia por 2 a 0, na tarde desta quarta-feira, em Moscou. Desta vez, Coutinho não contribuiu com gol, mas com uma belíssima assistência para Paulinho (eleito o melhor em campo em eleição popular da Fifa) no momento em que o clima ainda era de tensão. Ditou o ritmo, girou a bola e até contribuiu na marcação. Como nos tempos de categorias de base da seleção, foi o “sócio” ideal para Neymar e dividiu as responsabilidades e protagonismo com a maior estrela – que, justiça seja feita, também foi bem e evolui a cada partida. Ainda é cedo, o Brasil está apenas nas oitavas de final da Copa do Mundo, na qual enfrentará o México, mas esta dupla já empolga, com ginga, improviso e efetividade.
Coutinho tem exatamente a mesma idade de Neymar, 26 anos. Cria do Vasco, encarou uma mudança para a Europa mais cedo, aos 18, mas demorou a deslanchar, ao contrário do amigo, estrela desde sempre, no Santos, no Barcelona, no PSG – e na seleção brasileira, desde 2010. Coutinho é o sócio que Neymar sempre quis e precisou na seleção brasileira, aquele que consegue tirar coelhos da cartola, decidir os jogos e dividir a atenção dos marcadores. Como no passe por elevação que encontrou Paulinho em sua melhor jogada, a infiltração de surpresa e a finalização precisa, algo que não havia ocorrido nos outros jogos. Coutinho facilita o jogo dos colegas, especialmente de Neymar, inclusive fora de campo.
A pressão estava toda nos ombros do jogador mais caro de todos os tempos. Caso o Brasil fosse eliminado na primeira fase, o que não ocorre desde 1966, certamente Neymar, que até então apareceu mais por seu (mau) comportamento do que por seu futebol, carregaria o maior fardo – Tite, que blindou ao máximo seu camisa 10 e bancou outros contestados (deu certo com Paulinho, nem tanto com Willian e Gabriel Jesus), também seria cobrado. Neymar, no entanto, pareceu mais calmo, “domado” de alguma forma. Não reclamou com juiz, caiu poucas vezes, driblou, finalizou. Esteve novamente impreciso, mas foi um perigo constante para os sérvios. Teve seu nome gritado, recebeu o carinho de que tanto parecia se ressentir.
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