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Negócios em família: sucessão eficiente garante continuidade à história

03/08/2018 às 16h47
Por: Tribuna Popular
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Segundo pesquisa do Sebrae, em Mato Grosso do Sul, mais de 1/3 dos pequenos negócios (37%) têm sócio ou empregado parente – pai, mãe, avô, avó, filho (a), sobrinho (a), neto (a), cunhado (a); estatística que segue a média nacional.

Mas a união entre família e negócios, apesar de ser algo bastante comum, não é tão simples. É necessário preparar sucessores para o momento de transição, de modo a aperfeiçoar o que já tem dado certo, corrigir problemas e também inovar. Segundo Márcia Bellé, consultora do Sebrae/MS, as principais etapas de uma sucessão familiar são: sensibilização, sondagem, plano de ação, preparação e monitoramento.

Há 14 anos, o comerciante Mansur, filho de sírios que fugiram para o Brasil, abriu na capital de MS um empório que carrega seu nome, no qual vendia castanhas, frutas secas e especiarias do Oriente Médio. Em 2010, passou a administração para sua cunhada, Maria Amélia, e duas netas, Renata e Marcella (que na infância já gostavam de viver com seus pais a rotina da loja de presentes da família em um shopping center da capital). “Acompanhávamos as compras de mercadorias, o movimento no caixa, o atendimento ao cliente”, lembra Renata.

Para Bellé, a chave para não enfrentar problemas sérios de sucessão é tratar o assunto com bastante antecedência, para que a empresa não esteja despreparada em caso de imprevistos, como, por exemplo, o afastamento em definitivo, por motivos de saúde, de quem lidera os negócios.

“O planejamento deve envolver as pessoas da família que já trabalham na empresa ou que têm interesse na sucessão, começando com uma sensibilização para o assunto. Deve-se fazer uma sondagem de objetivos, interesses, preferências, competências, perfis e elaborar um plano de ação”, afirma.

Mansur faleceu em 2014, mas não sem antes ver seu antigo empório abrir um espaço para servir refeições de segunda a sábado; demanda levada às donas do local pelos próprios clientes. Tempos depois, esse mesmo ambiente foi ampliado para comportar cerca de 65 pessoas. Além disso, o Empório Mansur conta hoje com mais de 300 produtos importados a granel, entre castanhas, frutas secas, temperos, especiarias, trigos, além de molhos, azeites e vinhos.

Para facilitar o trabalho atual no local, as três parentes se dividem: Maria Amélia faz o atendimento ao cliente e a gestão da loja; Renata gerencia os funcionários e faz contato com os fornecedores; já Marcella é responsável pela cozinha e as compras para a empresa. “Mas, quando é preciso, todas nós podemos resolver as coisas para a outra”, explica Marcella.

De acordo com Bellé, o ideal é justamente encontrar as pessoas certas para o lugar certo, pois os principais erros durante o processo de sucessão familiar envolvem querer que todos os herdeiros, candidatos a sucessores, trabalhem na empresa; colocá-los em cargos para os quais não estão preparados; e desejar que eles sejam iguais aos sucedidos.

Para a empresária e agora chef Marcella Anache, a grande vantagem de se trabalhar em família no empório é a grande confiança e a ajuda mútua entre elas. “Você sempre tem apoio de alguém em que pode confiar; a loja nunca fica sem que se tenha ao menos uma de nós aqui”, diz. Além disso, ela garante que sempre preferiu ter dado continuidade a um projeto de família do que ter que abrir uma nova empresa. “É isso o que eu queria, é a nossa paixão”.

De volta às origens do campo: produção que atravessa gerações

Em 2009, Zenir de Souza resolveu ampliar sua pequena horta, nas proximidades do distrito de Rochedinho (a cerca de 25 km de Campo Grande), com a ajuda de técnicos do Sebrae/MS por meio do PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), projeto à época desenvolvido pela instituição de apoio aos pequenos negócios em parceria com a Fundação Banco do Brasil.

Enxergando no cultivo de orgânicos uma oportunidade, seu filho, Jeremias Curado, que havia saído de casa em 2004 para cursar Turismo na capital de MS, decidiu retornar à propriedade em 2010, levando junto sua esposa Heloísa (também turismóloga), mesmo empregado na área em que se formou.

“Agora eu trabalho mais, inclusive fim de semana e feriado. Mas é uma satisfação guiar o seu próprio negócio. Compensa tanto na questão financeira, em que posso ganhar até dez vezes mais do que antes, quanto de estar mais próximo, junto à minha família”.

Hoje os três - mãe, filho e nora -, junto aos dois filhos do casal, colhem os frutos da decisão. Parte das frutas, legumes e hortaliças cultivadas sem agrotóxicos em 1 hectare e meio dos 39 hectares da chácara é vendida para restaurantes e em feiras da capital. Outra parte da produção vai para escolas, por meio do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), ambos do Governo Federal.

“O que era básico virou negócio, fonte de renda para as nossas vidas. Fomos atrás de técnicas, fizemos investimentos”, destaca Jeremias. Muitas empresas são tradicionais e, por isso, já ganharam a clientela.

A especialista do Sebrae, Marcia Bellé, conclui que a harmonia entre o “velho” e o “novo” está em valorizar os clientes fiéis, conquistados ao longo do tempo, atendendo às suas necessidades da forma como eles preferem, e usar a tecnologia em seu favor.

Ainda tem dúvidas sobre o assunto? Acesse a EAD do Sebrae e saiba mais sobre os pontos importantes da sucessão familiar e como administrar um negócio da família.

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