Ribas do Rio Pardo, distante 97 quilômetros de Campo Grande, será transformada nos próximos meses em um verdadeiro canteiro de obras.
Além do investimento de R$ 14,7 bilhões na maior fábrica de celulose do mundo, o governo estadual, a administração municipal e o setor privado devem fortalecer e expandir os pilares da saúde, da educação, da segurança pública e do transporte.
De acordo com o prefeito João Alfredo (Psol), “uma nova Ribas do Rio Pardo nascerá”.
“Será moderna, com pleno emprego, renda, condições dignas de habitação, saúde e educação. Haverá infraestrutura a médio e longo prazo”, salienta.
Conforme o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, até a inauguração da fábrica da Suzano, prevista para janeiro de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) estadual terá um crescimento de 5,6%.
“Com a estratificação da construção civil, máquina e equipamento, temos um valor adicional de R$ 5 bilhões”, afirma.
O secretário ressalta que, além do impacto econômico e logístico, haverá mudanças significativas na comunidade.
“O investimento na parte ambiental já está resolvido. Já o impacto social, esperamos que até o fim das obras em 2024, Ribas do Rio Pardo tenha um crescimento da população em torno de 40%”, diz.
Após 2024, Ribas deve receber cerca de 5 a 7 mil novos habitantes. Alfredo relata que em 10 anos o município terá 50 mil habitantes.
O Projeto Cerrado terá a capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano.
A previsão é de que até a unidade entrar em funcionamento o município receba mais de 10 mil trabalhadores na fase de obras. Depois de pronta, a indústria terá pelo menos três mil operários trabalhando.
Segundo a funcionária da Central Conveniência Mercearia, Dulcenete Alves, 36 anos, antes mesmo de as obras da fábrica começarem, já é possível notar o maior movimento na cidade e na procura pelos produtos do mercado.
“Isso durante a pandemia está sendo um alívio para nós. E esperamos que com a geração de todos esses empregos as vendas só melhorem”, pondera.
O município possui apenas uma escola particular e duas estaduais. A Rede Municipal de Ensino é composta de dez colégios, sendo nove unidades urbanas e uma no Polo da Zona Rural, que está dividida em 15 extensões.
Conforme o titular da Semagro, Jaime Verruck, ao longo dos próximos três anos, o governo estadual vai revitalizar as escolas públicas e construir mais 54 salas de aula. Em relação à estrutura hospitalar, o secretário afirmou que será necessário expandir o hospital municipal.
“O governador se comprometeu a ser parceiro nas obras do hospital. A própria empresa Suzano já está avaliando como dar celeridade na ampliação do local, para atendimento imediato dos funcionários no período de construção da fábrica”, relata Verruck.
Segundo o prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo, é necessário triplicar a capacidade de atendimento no hospital municipal. “Precisamos que o hospital tenha pelo menos mais 50 leitos e mais três unidades de saúde”, salientou.
Atualmente, Ribas do Rio Pardo conta com seis postos de saúde, sendo um no centro da cidade. O hospital municipal possui 25 leitos. “A média de atendimento mensal é de 1.200 pacientes. Temos a previsão de expandir para 2,5 mil em seis meses”, pondera João Alfredo.
Para o escoamento da produção de eucalipto, o governo de Mato Grosso do Sul vai investir em estradas.
Serão executadas obras de recapeamento na MS-338, que liga Ribas do Rio Pardo a Camapuã. A previsão de conclusão dos trabalhos é até 31 de agosto de 2023.
“Nós também vamos fazer uma pavimentação de 2,6 quilômetros na área urbana, que vai da BR-262 até o núcleo industrial que vai abrigar os alojamentos”, adiantou o secretário Jaime Verruck.
Na rodovia MS-340, com grande fluxo de escoamento de eucalipto, o governo estadual fará obras de drenagem e cascalhamento.
“Além disso, nós vamos fazer uma ponte, necessária para o hexatrem”, ressaltou Verruk. De acordo com o titular da Semagro, a Suzano fará a construção de um viaduto para o hexatrem.
Ribas do Rio Pardo terá ainda uma sede do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul [CBMMS]. A instalação será uma parceria do município, estado e setor privado.
“Nós acreditamos que no próximo mês já tenhamos uma base do Corpo de Bombeiros, tanto para a questão de combate a incêndios quanto para toda a segurança necessária para a fábrica”, afirmou Jaime.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) já está fazendo a aquisição de novas viaturas da Polícia Militar.
A previsão é de que os carros sejam entregues ainda neste ano. Ribas do Rio Pardo conta atualmente com 25 policiais ativos.
São necessários mais 100 profissionais, de acordo com o prefeito João Alfredo.
O município tem, atualmente, 25 mil habitantes, de acordo com a estimativa de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Em 10 anos, a população pode chegar a 50 mil habitantes.
Para a proprietária do Hotel São Francisco, Natalícia Martes, 80 anos, o anúncio da fábrica de celulose já impacta o movimento da hospedaria mais antiga da cidade. “Está tudo lotado, graças a Deus. Tenho 30 vagas e não consigo reservar mais nenhum quarto pelas próximas semanas”.
De acordo com o recepcionista do Hotel Thalis, Getúlio Henrique, 23 anos, a alta procura por quartos já é registrada há semanas. “Temos 20 apartamentos e não temos mais vagas para os próximos dias. É bem provável, inclusive, que haja expansão por aqui”, relatou.
Conforme o secretário da Semagro, Jaime Veruck, o governo estadual já autorizou a implementação de novos hotéis.
Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Pasta está visitando pequenos empresários para orientar sobre as oportunidades de crescimento no município.
Segundo o prefeito João Alfredo, é necessário a construção de pelo menos três hotéis. “Faremos ainda a construção de 500 novas residências em curto prazo e 2 mil a médio e longo prazo”, diz.
“Teremos neste momento, uma pressão muito grande por habitação, na questão social e no emprego. A Fundação do Trabalho (Funtrab) também está ampliando sua base em Ribas para realizar o cadastramento de funcionários nesse período, então, realmente nós assumimos um compromisso de fazer um acompanhamento permanente dos impactos até que se faça a implementação da fábrica”, finaliza Verruck.
*Correio do Estado
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