Ter a oportunidade de estar na luta principal na primeira vez do UFC em seu país é para poucos. Santiago Ponzinibbio, 31 anos, ocupará esse lugar no próximo sábado, quando a maior organização de MMA do mundo chega em solo argentino, mais precisamente na capital Buenos Aires. Desde que chegou à cidade no último domingo, o argentino “Gente Boa” não esconde o sorriso. A confiança é grande de que fará contra o americano Neil Magny, em duelo do peso-meio-médio (até 77kg), a maior luta de sua carreira.
- É só alegria, não dá nem para disfarçar, estou superfeliz. É um evento histórico. Voltar com a maior companhia do mundo para fazer a luta principal aqui na Argentina, depois de ter batalhado tanto... Realmente é muito lindo tudo que está acontecendo, bom demais. Estou muito feliz - disse o lutador em entrevista exclusiva ao Combate.
No sábado, na arena do Parque Roca, familiares e amigos estarão nas arquibancadas. Menos a mãe Silvia. Santiago não deixou que ela vá assisti-lo de perto. Por outro lado, o que não faltam são pedidos por um ingresso.
- Muita gente da família e amigos terão a oportunidade de me ver pela primeira vez no UFC. Vai ser muito legal, muito lindo, e claro, a minha mãe não deixei vir. Ela falou: “Vou lá...”, mas disse a ela que não, ela não consegue nem assistir os vídeos. Vai ficar em casa. Mas vai ter muita gente, família e amigos. Estou passando essa semana aqui com meus irmãos, desfrutando de tudo. Realmente vai ser muito maneiro (...). Tem gente que nem conheço me pedindo: "Não tem um ingresso aí sobrando?" Muita gente! Mas é muito linda toda a dimensão que o esporte tem tomado.
- Sei que vai ser um evento diferente. Pode lotar ou não - acredito que vai lotar -, mas se você colocar dez argentinos juntos já faz uma bagunça! São muito apaixonados para torcer, têm uma entrega muito grande. Acho que vai ser um evento que entrará para a história, um evento bem maneiro. O UFC nunca viu uma torcida assim, vai curtir muito!
Santiago Ponzinibbio vem de vitória contra Mike Perry no UFC Winnipeg — Foto: Josh Hedges/Getty Images
Dificuldade na busca por adversário
Apesar de ter sido confirmado para a luta principal em casa, Santiago Ponzinibbio teve dificuldades para encontrar um adversário. O brasileiro Rafael dos Anjos chegou a aceitar o duelo, mas queria que fosse nos EUA. Para o argentino não fazia sentido. Ponzinibbio acredita que o fato de ele lutar em casa não foi bem recebido por alguns possíveis rivais, e agradeceu a Neil Magny por ter aceitado a luta.
- Acho que não era um bom negócio vir lutar comigo na Argentina, o pessoal não estava querendo muito pegar essa luta. Soube de várias pessoas (que recusaram), mas falaram que não era isso. Mas obrigado ao Magny, ele falou “sim”, e ele é um ótimo atleta, o considero um dos melhores da categoria, foi uma excelente oportunidade. Ele é um excelente atleta, já tinha pedido para lutar com ele porque realmente acredito que é um dos melhores. Ele vem de duas vitórias, ganhou de dois campeões mundiais (Carlos Condit e Johny Hendricks), ganhou de Kelvin Gastelum, que é um excelente atleta e que vai lutar pelo título em outra categoria. Tem boas vitórias, muitas vitorias, e é muito ativo também. Acho um excelente nome para lutar e, se vencer, já mostrar ao UFC que estou preparado para o título mundial.
- Acho que o ranking não faz sentido. Lutei no ano passado com o número 8 do mundo (Gunnar Nelson) e ganhei em 82 segundos com um nocaute espetacular, ganhando (o bônus de) performance da noite. Depois, ganhei do (Mike) Perry, que vinha com 11 vitorias, uma boa luta, vinha ganhando de (Nordine) Taleb, (Sean) Strickland, atletas que vinham muito bem. Então, parei atletas muito duros. Acho que venho fazendo um bom trabalho e, com todo respeito ao ranking, não faz muito sentido. Não estou prestando atenção a isso. Acho que é uma ótima oportunidade, o Neil é um dos melhores atletas do mundo, creio que uma boa vitória em cima dele mostraria que estou preparado para lutar pelo título mundial, porque seria minha sétima vitória consecutiva. O que vai acontecer, não sei, mas meu objetivo agora é Magny e, depois disso, vou pensar qual será o passo seguinte.
Neil Magny e Santiago Ponzinibbio fazem a luta principal do UFC Argentina — Foto: Getty Images
- Ele é muito cumprido, é o cara com a maior distância em envergadura da categoria. Acho que ele tem 1,92m (tem, na verdade, 1,91m), então tem um alcance muito longo. Tem que saber entrar para não tomar golpes em linha que ele utiliza bem, tem bons jabs e uma boa direita. Ele tem um bom grappling, consegue fazer um bom trabalho no chão, e um condicionamento bom. É um atleta completo, versátil. Mas não coloco o foco nos meus oponentes, sou um atleta completo também, estou preparado em todas as áreas. Acredito que sou melhor atleta que ele, tenho potencial para nocauteá-lo, sou mais potente, mais rápido que ele. Acredito que tenho tudo para vencer essa luta. Treinei muito para essa luta, estou muito tranquilo com respeito a isso, sei que vou subir, me divertir, e fazer a melhor luta da minha carreira. Acredito muito na minha vitória, e depois de uma boa vitória contra Neil Magny vou estar preparado para lutar pelo título mundial.
Bandeira do Brasil e pressão em casa
Sempre que comemora suas vitórias, Santiago Ponzinibbio exibe no octógono a bandeira argentina de um lado e a do Brasil no outro, diante da forte ligação que tem com o país vizinho, onde morou em Florianópolis e depois no Rio de Janeiro. E agora, em seu país, ostentará ambas?
- Sempre usei as duas bandeiras porque represento o Brasil, já que foi um país que me abriu as portas, que me ajudou muito. Realmente foi um país muito legal, que me ajudou a crescer e ser o atleta que sou. Por isso sempre fui muito grato ao Brasil, e sempre carreguei a bandeira do Brasil e da Argentina. E não vai ser diferente dessa vez, pode acreditar.
Santiago Ponzinibbio costuma comemorar vitórias com bandeiras da Argentina e do Brasil — Foto: Getty Images
O lutador, dono de um cartel com 26 vitórias e apenas três derrotas, garante que tem lidado bem com o fato de lutar em seu país num evento marcante. Ponzinibbio refuta qualquer ideia de pressão negativa.
- Não tem pressão. Já tenho muitas lutas, passei por muitos testes. O TUF foi um teste psicológico muito grande, primeiro treinava com os caras e depois lutava com eles. São quatro lutas em 40 dias, fiz três lutas em 20 dias. E depois disso sempre lutando como visitante, primeiro no Brasil, depois no Canadá com um canadense, na Europa com um europeu, nos EUA com americanos... Creio que a pior parte já passou, tudo isso aqui é muito lindo. Estou vindo no meu país, com o calor das pessoas, isso só me motiva. Já sou um cara que tenho muita motivação, mas isso é uma motivação a mais. O cara fica mais empoderado, com mais gana, estar aqui não joga contra, joga a meu favor, me dá mais força e mais gana - concluiu.
UFC Buenos Aires
17 de novembro de 2018, na Argentina
CARD PRINCIPAL (1h, horário de Brasília):
Peso-leve: Santiago Ponzinnibio x Neil Magny
Peso-pena: Ricardo Lamas x Darren Elkins
Peso-meio-pesado: Khalil Rountree x Johnny Walker
Peso-médio: Cezar Mutante x Ian Heinisch
Peso-galo: Guido Cannetti x Marlon Vera
Peso-palha: Cynthia Calvillo x Poliana Botelho
CARD PRELIMINAR (22h00, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Michel Trator x Bartosz Fabinski
Peso-mosca: Alexandre Pantoja x Ulka Sasaki
Peso-pena: Humberto Bandenay x Austin Arnett
Peso-meio-médio: Laureano Staropoli x Hector Aldana
Peso-leve: Devin Powell x Jesús Pinedo
Peso-pena: Nad Narimani x Anderson Berinja
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