O presidente boliviano, Evo Morales, expressou nesta terça-feira sua esperança de que a apuração do referendo de reforma da Constituição se reverta a seu favor com os votos das populações indígenas distantes. Com isso, ele poderia se candidatar a um novo mandato.
De acordo com o último boletim oficial, após 92,67% das urnas apuradas, o "não" aparece com 52,09%, contra 47,91% para o "sim".
Nesta terça-feira, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu às autoridades que aceitem e respeitem os resultados do referendo de domingo. "A Missão convida os representantes das distintas opções e os membros das forças políticas a aceitarem os resultados entregues pelo Órgão Eleitoral Plurinacional, única autoridade competente para esta tarefa", declarou a OEA em uma comunicado, afirmando ainda que a transparência do processo está garantida.
Evo Morales, com 56 anos e de origem indígena, afirmou que, "se houver uma reviravolta, será com o voto dos movimentos sociais, especialmente com o voto do movimento camponês e indígena". A apuração dos votos começa pelos centros urbanos até, finalmente, chegar às zonas rurais.
"Os movimentos sociais (sindicatos) nunca nos abandonaram, especialmente o movimento camponês-indígena", enfatizou, elogiando a lealdade política e eleitoral dos indígenas nesta última década. "É um pacto de sangue que não vamos abandonar", prometeu.
Ele não quis comentar, porém, uma possível derrota nas urnas, depois de quase dez anos no poder. Na véspera, o presidente garantiu que respeitará os resultados do referendo de domingo, sejam quais forem.
"Se ganharmos, será por poucos votos. Se perdermos, será por poucos votos", estimou, durante um discurso de entrega de obras na área rural de La Paz. "Depois de 10 anos (no poder), a maioria continua apoiando o processo", completou.
Oposição - De acordo com o analista independente Andrés Torres, ainda que Morales tenha uma vitória apertada, o resultado pode deixá-lo "vulnerável aos ataques da oposição, que tentará fazer que sua gestão (com fim previsto para 2020) não termine nas melhores condições, para quem não possa voltar" a ser eleito.
Ex-membro do Tribunal Eleitoral, o cientista político Jorge Lazarte considerou que o resultado confirmaria que "uma parte do país disse 'basta' a Morales", o que pode forçá-lo a repensar suas políticas daqui para frente.
(Com AFP)
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