Município apura se médico praticou ‘tráfico de influência’

O médico oncologista Adalberto Abrão Siufi, que está sendo processado pelo MPF (Ministério Público Federal) desviar recursos públicos para os tratamentos contra o câncer entre 2004 e 2012, enquanto comandava o Hospital de Câncer Alfredo Abrão, também responde a um Processo Administrativo Disciplinar instaurado pela Prefeitura de Campo Grande. A administração municipal apura se o servidor usou de sua influência para conseguir que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) fechasse contratos que o beneficiavam.

De acordo com a publicação do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) do dia 23 deste mês, o processo foi instaurado para apurar irregularidades funcionais cometidas pelo funcionário público. Siufi é médico aposentado do quadro permanente de pessoal do município. Três servidores estão responsáveis por conduzirem o procedimento e a conclusão deve ser apresentada em 60 dias.

A medida tomada pela administração municipal é resultado de uma Sindicância Investigativa de 18 de abril de 2013, instaurada pela Sesau. O atual procurador-geral do município, Denir de Souza Nantes, declarou que Siufi contrariou o Estatuto do Servidor quando como servidor cedido para administrar o HC realizou um convênio entre a instituição filantrópica e a Neorad, empresa da qual era sócio.

“Esse processo foi aberto em 2013 como uma sindicância para investigar a denúncia do Ministério Público em relação ao Aldaberto, que estava contratando a Neorad. Ele era servidor e não poderia, era sócio da Safari Siufi [nome de registro da prestadora de serviços para o HC]”.

Processo pode resultar na perda da aposentadoria

A prefeitura pretende apurar se o médico, que foi contratado em 1995 após ser aprovado em concurso, usou sua influência para conseguir que a empresa onde era sócio fosse “subcontratada” do município por meio do HC, uma vez que quem paga pelos atendimentos feitos no hospital é a prefeitura. Contudo, o dinheiro era repassado para a Neorad.

Atualmente, o médico está aposentado. “O processo pode resultar na perda da aposentadoria. Estamos apurando o erro funcional de Siufi. Vamos apurar se ele usava a Sesau, se houve tráfico de influência”, afirmou o procurador.

MPF acusa oncologista por formação de quadrilha e estelionato

Para o MPF (Ministério Público Federal), de 2004 a 2012, gestores do Hospital de Câncer Alfredo Abrão formaram quadrilha para desviar recursos do SUS (Sistema Único de Saúde), destinados via município ao pagamento dos atendimentos feitos na instituição filantrópica. Adalberto Siufi e Issamir Saffar, então diretores da instituição, contrataram a Neorad para prestar serviços ao hospital. Só que os dois médicos eram donos da clínica e essa “autocontratação”, segundo a Procuradoria da República, tinha o objetivo de “fraudar a natureza da Fundação Carmem Prudente, permitindo-lhes desviar em proveito próprio as verbas da saúde”.

Adalberto e a filha dele Betina Moraes Siufi Hilgert, que exercia função administrativa no HC, são acusados de comandar o esquema. Eles e mais outras pessoas são processados no âmbito criminal por estelionato, associação criminosa e peculato. Na área cível, o MPF pede que eles sejam condenados da pagar multa civil de R$ 35.788.738,36 e indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 51.384.369,79.

(Fonte: O Estado Onl,ine)