Um dos maiores hospitais públicos de Campo Grande está sendo investigado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por ter quase quatro em cada dez setores – mais precisamente, 39,1% – considerados insatisfatórios pela Vigilância em Saúde, SES (Secretaria de Estado de Saúde) e Coordenadoria Estadual de Vigilância Sanitária. Para atender às necessidades de pacientes que estão internados em salas que têm espaço para sete, mas são ocupadas pelo dobro de pessoas, equipamentos são ligados de forma improvisada. De um modo geral, o Hospital Regional opera em condições insalubres e sem profissionais suficientes.
Nesta quinta-feira (9), o MPE recomendou que a SES solucione em 60 dias todos as 188 irregularidades encontradas durante uma vistoria entre 5 e 17 de fevereiro deste ano.
De acordo com o relatório apresentado à promotora Paula Volpe, da 49ª Promotoria de Justiça, o pronto-socorro da unidade tem 100 vagas, 25 para crianças e 75 para adultos, mas o serviço pode ser prejudicado por conta da falta de profissionais. Seriam necessários pelo menos mais nove técnicos de enfermagem para suprir a necessidade do setor. Conforme o documento, atualmente, apenas 19 técnicos trabalham durante o dia, quando o certo haver no mínimo 28 escalados.
Na emergência, a fiscalização também encontrou lixeiras sem tampa. Além disso, a quantidade de respiradores mecânicos para adultos e de oxímetros de pulso (dispositivo que mede a quantidade de oxigênio no sangue de um paciente) são insuficientes. “A unidade deve possuir infraestrutura, equipamentos e medicamentos de suporte à vida destinado ao atendimento de urgência e emergência”, diz o relatório.
Entre as 188 irregularidades encontradas no hospital, está ainda a falta de isolamento com barreira física para pacientes portadores de doenças infectocontagiosas.
Carne no chão
Quando foi feita a vistoria, fiscais encontraram em todos os setores do hospital, frascos de remédios sem a correta identificação, como a data de abertura, conservação e data de validade.
O setor de internação obstétrica não tem área para higienização de recém-nascidos, uma bancada com pia. No 6º andar, onde fica o setor de cardiologia e a UCO (Unidade Coronariana), as lâmpadas da enfermaria estão queimadas e sem proteção correm risco de estourar.
Na cozinha, também foram encontrados problemas, como carne moída em vasilha aberta no chão da câmara fria. No sétimo andar do HR, a Vigilância Sanitária encontrou roupas limpas ao lado de roupas sujas no posto de enfermagem.
Promotoria
A promotora Paula Volpe declarou que vai continuar investigando as adequações que precisam ser feitas na unidade hospitalar. O inquérito é de 2014 e dois relatórios foram feitos em menos de um ano, sendo que no primeiro dos 23 setores fiscalizados, 13 foram classificados como insatisfatórios, o que representa 56,5% da estrutura. No documento deste ano, nove setores estão irregulares ou insatisfatórios.
A SES já foi notificada e informou que está fazendo as adequações necessárias no hospital. De acordo com a secretaria, as irregularidades não atrapalham a assistência. A assessoria de imprensa da pasta informou ainda que tudo está sendo analisado em conjunto com a Funsau (Fundação Serviços de Saúde). “Acatamos as recomendações, vamos analisar o que é possível fazer e encaminhar de imediato o que está disponível”. O cronograma de gestão de 2016 já inclui a reestruturação do Regional, completou a SES.
Responsável pela recomendação e pelo inquérito civil que investiga a situação do HR, a promotora Paula Volpe declarou que vai continuar cobrando do Estado e vai fiscalizar para que tudo seja cumprido em 60 dias. Volpe não descarta a possibilidade de ingressar com uma ação civil pública para que todos os 188 itens sejam regularizados.
(Fonte: O Estado Online)