‘Curva’ é ponto de encontro para ‘se conhecer melhor’

Os frequentadores não se identificam e pedem para que a localização do ponto exato também fique no anonimato. Mas, quem vai à noite ao Parque dos Poderes, está em busca diversão, no português claro, de “pegação”, segundo os relatos. “Lá é uma loucura! O pessoal vai lá mesmo é atrás de sexo”, afirma um dos entrevistados, que preferiu não revelar o nome. “É um lugar de ‘pegação’, para os gays, mas também tem ‘hétero’”, ressalta outro frequentador. “Como o parque é bem grande, cabe todo mundo”.

Há quem diga que um atrativo é a alternativa aos programas de lazer que a Capital oferece. “Falta coisa aqui para fazer, lá é uma diversão a mais, sai da monotonia e é sempre uma caixinha de surpresas”, disse um terceiro entrevistado. Mas, há também quem não veja atrativo. “Eu só ouvi falar das histórias”, relata mais uma pessoa que conhece o local. “Nunca fui mais por receio do local, que por falta de interesse. Não me parece legal transar com uma galera te vendo”.

Quem vai na “curva”, sabe como funciona: você dá voltas de carro e há mais veículos circulando. “Se algum outro carro passar do seu lado, você troca umas palavrinhas e vê se rola alguma coisa”, continua a explicação de um dos frequentares, “e se os dois quiserem, um vai para o carro do outro, ou os dois entram no matagal”.

Em geral, frequentadores são jovens adultos, hétero e homossexuais

A maioria das pessoas vai em grupo de amigos e há quem tenha a intenção de ir apenas para conversar e beber. “Eu já fui em grupo de amigos para ficar lá com o carro parado em um estacionamento”, comentou mais uma pessoa com quem a reportagem conversou. “Mas é raro isso…”, adiciona outro, “a maioria quer safadeza mesmo”.

O público dos encontros ao ar livre é formado por jovens adultos. A maioria é homossexual, embora não seja a regra. “Depois de alguns encontros eu já percebi que vai gente casada que não quer se assumir”, afirma uma das pessoas que também quis ter sua identidade preservada. “Há também tipo uns ‘setores’: o do pessoal mais reservado, o dos casais héteros, o dos que vão lá fazer swing, o dos que querem sexo grupal e o dos gays”, detalha.

Quem vai, é levado pela primeira vez por amigos. “Eu vou para me divertir mesmo, tanto que nunca fui sozinho, sempre vou com amigos”, explica mais um dos entrevistados. “É meio perigoso também. Eu tenho medo de me aventurar em um carro de um desconhecido assim, por isso que sozinho não vou lá não”, completa.

PM alerta para o perigo de encontrar desconhecidos, principalmente em locais ermos

A Polícia Militar alerta sobre o perigo do envolvimento com desconhecidos, principalmente em locais ermos como no Parque dos Poderes. “Independentemente se for ao ar livre ou não, o fato de ser com uma pessoa que você acabou de conhecer já é arriscado”, alerta a PM, por meio da assessoria de imprensa.

Também segundo a Polícia Militar, as áreas de mata do parque às vezes são utilizadas por grupos religiosos que organizam rodas de oração e por isso que ninguém pode ser impedido de entrar no mato, sozinho o acompanhado, por exemplo. “Durante o policiamento, são abordadas pessoas em atitude suspeitas e o nosso cuidado é com o consumo de drogas, que precisa ser impedido”, reforça a polícia.

(Fonte: O Estado Online)