O técnico Pep Guardiola, consagrado no Barcelona como um revolucionário do futebol, está prestes a encerrar sua passagem pelo Bayern de Munique com uma decepção: não ter vencido a Liga dos Campeões em três tentativas. Foram três eliminações nas semifinais, ironicamente para três equipes de seu país: Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madri. Apesar de ter vencido praticamente tudo o que disputou na Alemanha e de ter conseguido mudar a filosofia de jogo da equipe - a força e os contra-ataques deram lugar a um futebol mais vistoso e de posse de bola -, Guardiola sabe que não correspondeu plenamente às expectativas.
"Talvez minha passagem tenha ficado incompleta. Imagino que serei julgado por não ter vencido a Liga dos Campeões. Mas fui muito feliz aqui. Minhas ambição era ganhar a Liga dos Campeões, me esforcei ao máximo e não tenho arrependimentos", declarou o treinador de 45 anos, logo após a eliminação para o Atlético, na Allianz Arena, nesta terça-feira.
Guardiola chegou ao Bayern em julho de 2013, quando a equipe ainda celebrava justamente a conquista da Liga dos Campeões, sob o comando do técnico Jupp Heynckes. O espanhol foi campeão mundial daquele ano e ainda conquistou a Supercopa da Uefa, dois Campeonatos Alemães e a Copa da Alemanha. Na próxima temporada, ele irá dirigir o Manchester City, mas ainda tem a chance de conquistar o tricampeonato alemão no próximo fim de semana (tem cinco pontos de vantagem a duas rodadas do fim) e a Copa da Alemanha, na decisão contra o Borussia Dortmund.
Em sua última entrevista pelo Bayern na Liga dos Campeões, Guardiola desejou sorte a seu sucessor, o italiano Carlo Ancellotti. "A estatística é a estatística no futebol. Claro que queria chegar à final em cada um destes três anos. Espero que o Carlo consiga", afirmou. "Fizemos de tudo. São excelentes jogadores e desejo o melhor para esta equipe no futuro", completou o espanhol.
Desavenças - Durante sua passagem pela Alemanha, Guardiola teve uma relação conflituosa com a imprensa do país e a diretoria do clube. Impressionou no início, primeiro ao mostrar que havia aprendido rapidamente o idioma alemão, e também pela forma rápida e eficiente que a equipe passou a jogar. No entanto, teve problemas de relacionamento com alguns colegas - o médico do clube, Hans Wohlfahrt, deixou o cargo em 2015 após 38 anos de serviços prestados justamente devido a desavenças com Guardiola, que estaria irritado com as constantes lesões de seus atletas - e chegou a irritar os jogadores por seu estilo "controlador".
O acerto com o City, revelado no meio desta temporada, também irritou alguns dirigentes do Bayern, que cobraram foco total do treinador no fim de trabalho na Alemanha. Nesta época, Guardiola chegou a dizer que era "como uma mulher", pois podia fazer várias coisas ao mesmo tempo. "Sei que geralmente é o Bayern quem abre mão do treinador, e não o contrário", completou, na ocasião, evidenciando que o relacionamento com a diretoria não era o melhor possível.
(Fonte: Veja.com)
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