O Comitê Olímpico Internacional (COI) antecipou pagamentos de cerca de 100 milhões de reais para ajudar os organizadores dos Jogos do Rio de Janeiro a acelerar as obras que restam e atender aos pedidos das federações internacionais, a menos de dois meses do início do evento. O acordo já estava amarrado antes mesmo de o governador interino Francisco Dornelles decretar estado de calamidade pública no Estado, na última sexta-feira.
Segundo o Comitê Organizador Rio 2016, o COI enviou 30 milhões de dólares de uma quantia que deveria ser paga apenas no início dos Jogos. O pagamento foi antecipado devido à crise financeira declarada pelo Estado, à recessão no Brasil, à baixa venda de entradas e ainda aos atrasos em algumas obras.
Esse dinheiro viria de pagamentos programados para o dia 5 de agosto, na abertura da competição. Segundo dados obtidos por membros do COI, um total de 165 milhões de dólares (563,6 milhões de reais) entrariam nas contas da Rio-2016 nesta data.
Nas últimas semanas, os organizadores receberam uma série de solicitações de federações esportivas, pouco satisfeitas com as instalações, pedindo modificações ou garantias até de abastecimento de energia no Rio.
Em reuniões fechadas, a entidade indicou que estava disposta a cooperar com o Brasil, mas até em conversas com o presidente interino Michel Temer, o COI chegou a questionar o destino do dinheiro aplicado nos Jogos até agora.
De um planejamento total de transferência de 731 milhões de dólares (2,4 bilhões de reais) ao Rio, o Comitê Olímpico Internacional já havia repassado cerca de 436 milhões de dólares desde 2009.
Socorro - A contribuição do COI, porém, apenas veio diante da promessa de que recursos públicos do país também seriam acelerados para arcar com partes das obras em áreas que haviam sido acordadas previamente: geração de energia, segurança e transporte público. Na última sexta-feira, o governo do Estado do Rio de Janeiro decretou "estado de calamidade pública" e, assim, passará a ter acesso a recursos federais.
O Comitê Rio-2016 garante que foi informado da decisão, anunciada pelo governador em exercício, Francisco Dornelles, apenas quando o decreto foi publicado oficialmente e que não participou das reuniões que precederam a tomada de decisão.
Na última terça-feira, Michel Temer esteve com sua comitiva no Rio para visitar parte do complexo olímpico. O COI, por meio de seus dirigentes e assessores, se recusou a comentar a iniciativa ou o decreto de calamidade anunciado pelo governo estadual. O Comitê Rio 2016, porém, garante que o decreto não afetará os Jogos.
Os organizadores ainda negociam com empresas estatais brasileiras para que elas possam bancar parte da festa de abertura dos Jogos, assim como a cerimônia de encerramento, marcada para o dia 21 de agosto. No dia 5 do mesmo mês, o tema escolhido para mostrar o país ao mundo será "a história do povo brasileiro". A procura de ingressos para as duas cerimônias foi grande.
*Com Estadão Conteúdo
Mín. 23° Máx. 39°