O São Paulo não pode culpar apenas a arbitragem pela eliminação na Copa Libertadores, já que foi dominado pelo Atlético Nacional de Medellín, time de melhor campanha do torneio, nas duas partidas da semifinal. No entanto, assim como em anos anteriores, a atuação dos árbitros nesta edição foi tão vergonhosa quanto a campanha dos clubes brasileiros – que pelo terceiro ano consecutivo não conseguiram chegar à final, mesmo gozando de recursos financeiros bastante superiores aos vizinhos. A atuação dos árbitros e da Conmebol ao longo da Libertadores tem causado revolta há vários anos. A última vítima foi o São Paulo, que tem, sim, motivos para protestar – ao contrário da equipe colombiana, que foi beneficiada também nas fases anteriores.
Na partida de ida no Morumbi, o árbitro argentino Mauro Vigliano expulsou o zagueiro Maicon por um infantil e flagrante empurrão no pescoço de Miguel Borja já na segunda etapa. Minutos depois, o São Paulo levou os gols da derrota por 2 a 0. A decisão do árbitro, se não foi errada, certamente foi bastante rigorosa. No jogo de volta, o time brasileiro ainda reclamou de um pênalti não marcado em Hudson, em lance controverso, e das expulsões de Diego Lugano e Wesley. Ao final da partida, o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, reclamou que os clubes brasileiros são perseguidos e disse que a arbitragem do chileno Patricio Polic foi “vergonhosa e tendenciosa, toda voltada para não permitir que o São Paulo conseguisse um bom resultado”.
Não há evidências de que Polic tenha agido de má fé, mas certamente a sua escalação não era recomendável. O juiz já se envolveu em um grande escândalo na carreira: em 2003, teve uma atuação desastrosa no jogo entre os chilenos Universidad Católica e Provincial Osorno, pela fase classificatória da Copa Sul-Americana – marcou um pênalti inexistente para a Universidad, anulou um gol legítimo do adversário e ainda mandou repetir uma cobrança de pênalti. Ele teve que sair do estádio escoltado pela polícia e foi suspenso do futebol por oito meses. Além disso, Polic apitou poucas partidas da Libertadores desde seu retorno à competição em 2010 (um jogo em 2015 e quatro neste ano) e não é considerado um árbitro de primeira linha.
O técnico argentino do São Paulo, Edgardo Bauza, também chamou a atenção para dois fatos relevantes. “A arbitragem também teve problemas aqui nos jogos com Huracán e Rosario Central. Não sei se é coincidência”, comentou “Patón” após a partida desta quinta-feira. De fato, nas oitavas e nas quartas de final, os adversários dos colombianos também tiveram jogadores expulsos e reclamaram de pênaltis não marcados. Bauza, campeão da Libertadores por LDU (2008) e San Lorenzo (2014) também ressaltou que, horas antes do jogo, a Conmebol suspendeu Maicon por três jogos pela “agressão” no jogo de ida. Por isso, ele perderia até as finais caso o São Paulo tivesse se classificado.
O mesmo “rigor” já havia sido demonstrado pela Conmebol com os rivais do São Paulo. Gabriel Jesus, do Palmeiras, foi punido com três jogos de suspensão por ter sido expulso na partida contra o Rosário Central. Na ocasião, o jovem atacante recebeu um soco do argentino Damián Musto e revidou com um chute. O árbitro viu apenas o revide e expulsou Jesus, que foi punido por agressão – enquanto o adversário sequer foi julgado. No ano passado, o mesmo aconteceu com Emerson Sheik, então no Corinthians, que revidou uma entrada de Rafael Tolói, do São Paulo, com um chute, foi expulso e levou dois jogos de suspensão – perdeu as oitavas de final, na qual o Corinthians foi eliminado pelo Guaraní, do Paraguai.
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