Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem procurado fugir das comédias escrachadas que dominam a indústria nacional e se aventurado em mais filmes de gênero. Alguns diretores já se arriscaram no terror, como nos filmes Quando Eu Era Vivo (2012), Isolados (2014), O Caseiro (2016), e o recente O Diabo Mora Aqui, que estreia nesta semana no país, e insere elementos da história brasileira em um roteiro explorado à exaustão nos filmes de terror pelo mundo.
O longa traz o clichê de jovens em uma casa isolada no meio do nada, onde um espírito está aprisionado no porão, mas O Diabo Mora Aqui resolve inserir o passado escravocrata do Brasil na trama. No filme, quatro amigos, nos dias atuais, passam o fim de semana em uma fazenda do interior paulista. No começo da história, é revelado que no solo da casa está aprisionado o espírito do terrível Barão do Mel (Ivo Müller), um antigo senhor de escravos conhecido por realizar atrocidades com os negros. Sem acreditar na lenda local, os jovens resolvem brincar de despertar os fantasmas amaldiçoados, sem imaginar as consequências que podem sofrer.
Produzido de forma independente, e dirigido por Dante Vescio e Rodrigo Gasparini, o filme foi financiado através de plataformas de crowdfunding (com um orçamento em torno de 150.000 reais) e gravado em 15 dias. O longa foi bem recebido no Festival de Tiradentes em janeiro e ganhou o prêmio de melhor filme estrangeiro no FilmQuest Festival, premiação de cinema de fantasia e terror, que aconteceu em junho nos Estados Unidos.
Apesar do baixo orçamento, o filme possui uma boa estética dentro dos moldes do gênero, ostenta uma bela fotografia e um bom enquadramento, e traz uma verossímil e bem trabalhada direção de arte. O Diabo Mora Aqui peca pela falta de originalidade, com muitos clichês na trama, e uma falta de coesão na parte final do roteiro. Mesmo assim, a produção tupiniquim é uma ousadia no cinema nacional.
https://youtu.be/E23lN3qHBDQ
*Veja
Mín. 17° Máx. 33°