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Velocidade dos ônibus em São Paulo está maior, mas longe da meta

03/08/2016 às 11h58
Por: Tribuna Popular
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A velocidade nos corredores de ônibus da capital subiu 5% em 2015, na comparação com o ano anterior. Os coletivos rodaram a 19,3 quilômetros por hora (km/h), na média dos dias úteis. Em 2014, esse índice foi de 18,4 km/h. Dessa forma, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda está distante de alcançar a própria meta: de fechar 2016 com 25 km/h nas vias exclusivas. Questionada, a prefeitura alega que iniciativas fora dos corredores e faixas exclusivas fizeram a velocidade média dos coletivos subir 54,5% no ano, de 11 km/h para 17 km/h.

Os dados oficiais foram publicados pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) no Diário Oficial da Cidade e levam em consideração informações relativas a dezesseis corredores de ônibus, considerando os dois sentidos. O Expresso Tiradentes, por ser uma via elevada, e o novo corredor da Avenida Professor Luís Carlos Berrini, inaugurado em dezembro, não foram computados.

Segundo o TCM, o corredor que registrou a maior velocidade em 2015 é o que leva moradores de Parelheiros, no extremo Sul da cidade, à região de Santo Amaro. Os ônibus alcançaram, no pico da manhã, a 22,8 km/h. Na contramão, o trajeto feito por quem mora no Jardim Ângela, Zona Sul, para o mesmo destino foi feito, no ano passado, a 15,2 km/h, no pico da tarde.

A SPTrans, empresa que administra os ônibus da cidade, faz uma classificação dos corredores de acordo com suas velocidades. Os que estão acima de 20 km/h, em média, são “rápidos”. Os entre 15 km/h e 20 km/h são os moderados. E os abaixo de 15 km/h são os “lentos”. Por esse critério, só há sete corredores considerados rápidos na capital. Os demais estão na faixa moderada. Em 2014, eram seis vias rápidas e uma lenta, cuja velocidade estava abaixo de 15 km/h.

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, afirma, porém, que essa metodologia passa por uma revisão por parte da gestão Haddad. “Nós colocamos o corredor rápido como acima de 20 km/h, mas há vias em que, por características próprias, não há como o ônibus ter essa velocidade média”, diz. “Pegue a Avenida Paulista, por exemplo. Com todos os semáforos e pontos de parada, mesmo à noite os ônibus não conseguem ter essa velocidade no corredor”, afirma o secretário.

Tatto diz que, desde o começo da gestão, a prefeitura vem usando os GPSs dos ônibus para monitorar a velocidade dos coletivos em pontos diferentes da cidade para identificar gargalos e “resgatar” os veículos dos congestionamentos. “A gente criou esse modelo de meta antes de existir essa tecnologia.”

E é com base nesse monitoramento, segundo Tatto, que novas ações são planejadas para melhorar o fluxo. Dessa forma, de acordo com a prefeitura, a velocidade média “compartilhada”, incluindo os trajetos inteiros das linhas – em corredores, faixas exclusivas e vias comuns –, teria registrado aumento maior: a velocidade média sairia de 11 km/h, no primeiro semestre do ano passado, para 17 km/h no primeiro semestre deste ano. O governo municipal argumenta ainda que os dados mais recentes da velocidade nos corredores, de 2016, ainda não foram enviados ao TCM e mostram avanço mais perto da meta dos corredores: média de 23 km/h.

O engenheiro e professor da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) Creso Franco Peixoto diz que a pequena variação positiva na velocidade só nas vias exclusivas não merece comemoração. “Estatisticamente, não mudou nada. Os dados mostram uma estagnação. Os ônibus não ganharam nem sequer 1 km/h”, afirma. Para ele, o foco não deve ser só em aumentar a velocidade nos corredores, mas em controlar melhor todo o sistema. “Isso faz com que o passageiro ganhe tempo.” Pelos corredores são feitas 142 milhões de viagens por mês, quase metade das viagens de toda a cidade.

O engenheiro de trânsito Luiz Célio Bottura, ex-ombudsman da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), faz ressalvas ao raciocínio. “O que é preciso medir para testar a eficiência do sistema não é a linha, ou um trecho. É ver quanto tempo dura a viagem do cidadão da hora em que ele sai de casa até a hora em que chega ao destino. A viagem pode ser rápida, mas ele pode ter ficado muito tempo parado, esperando o ônibus chegar”, afirma.

É o que dizem os passageiros. O auxiliar administrativo Luís Henrique Trigo, de 36 anos, sai diariamente da Zona Leste e vai, de ônibus, até o Terminal Pedro II, no centro da cidade. De lá, muda de coletivo para seguir viagem até o Itaim-Bibi, na Zona Sul, onde trabalha. “Teve uma melhora, sim, há um ano mais ou menos, quando foram feitas umas mudanças lá perto do terminal Cidade Tiradentes [Zona Leste]. Boa parte do tempo que o ônibus ficava parado era no trânsito de lá. Mas foi a única coisa que mudou. O segundo ônibus que eu tomo, por exemplo, não teve mudança nenhuma no tempo de viagem nem na espera”, conta.

Outra trabalhadora da Zona Sul, a comerciária Marina Okamura, de 26 anos, que mora no Jabaquara, usa apenas um coletivo. “Pego o ônibus na estação do metrô e ele desce até a Avenida Ibirapuera”, conta. “O ônibus passa por muitas ruas que não precisava, meio que andando em círculos. Aí a viagem demora. Às vezes vou de carro para o trabalho e gasto mais ou menos meia hora. De ônibus, quase sempre demora uma hora. Não fica mesmo preso no congestionamento nas avenidas, dá para ver os carros parados enquanto se passa na faixa exclusiva. Mas a viagem demora mais”. Para ela, o tempo de viagem seria menor se houvesse mais coletivos à disposição do passageiro. “Espero mais ou menos quinze, vinte minutos até o ônibus chegar. Não sei se o problema é que faltam ônibus para as linhas ou se é planejamento mesmo. Tem de fazer linhas mais rápidas. Parece que quem organiza isso não anda de ônibus”, reclama a comerciária.

Sobre o número de viagens, a SPTrans diz que a quantidade voltou a crescer no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, 1,433 bilhão de embarques foram registrados, de acordo com a empresa. No mesmo período do ano passado, havia sido 1,422 bilhão. A alta é de 0,8%. Ao longo de 2015, o número de viagens nos coletivos caiu. No período, foram 2,659 bilhões de viagens, ante 2,686 bilhões registradas no ano anterior. Para o secretário Jilmar Tatto, as variações para cima ou para baixo são normais e podem ser explicadas por diversos motivos, como a ampliação das políticas de gratuidade, como a tarifa zero para estudantes – são 664,7 mil bilhetes do tipo, atualmente.

*Com Estadão Conteúdo

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