Detentor de 111.128 votos, o que representou 26,01% do eleitorado que participou do pleito de domingo (2), Alcides Bernal (PP) preferiu não declarar de imediato apoio a nenhum dos concorrentes que seguiram na disputa pela prefeitura de Campo Grande. A costura, aliás, para que isso ocorra dependerá de uma “boa conversa”, já que o prefeito foi amplamente criticado no debates pela vice-governadora e pelo deputado estadual, que se apresentam para governar a Capital.
Marquinhos Trad, recorrentemente, enfatizou na campanha que a cidade está parada, que faltou gestão nos últimos anos, enquanto Rose Modesto chegou a dizer publicamente que Bernal recusou propostas de parceria do Governo do Estado para ajudar Campo Grande. Outro fator que pesa quanto a articulação de ambos, junto ao atual chefe do executivo, diz respeito a outras figuras públicas, que nem mandato exercem.
Trava do PSD para aliança com Bernal é o ‘irmão mais famoso de Marquinhos’
No caso do candidato do PSD, o entrave é o irmão dele, Nelson Trad Filho, que foi o antecessor de Bernal na prefeitura. O período de transição guardou heranças que fizeram o progressista ampliar a sua reprovação ao sobrenome Trad, com assinaturas de contratos que o prefeito preferiria que acontecesse na sua gestão.
Na conta da mágoa, aumentos vegetativos a servidores municipais, a concessão da Solurb e do Consórcio Guaicurus, além da redução da margem de suplementação de 30% para 5% aprovada em dezembro de 2012 pela legislatura da Câmara que Nelsinho tinha o líder, Flávio Cesar, o e o vice-líder, Mario Cesar.
Se não bastasse essas situações, o irmão de Marquinhos ainda foi denunciado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual), como um dos membros da eventual associação criminosa responsável por forçar a cassação do prefeito Alcides Bernal, em março de 2014.
Rivalidade com Rose é ligada a Gilmar Olarte e a votação dela pelo afastamento
Rose Modesto e Alcides Bernal já foram aliados no 2º turno de 2012, quando o PSDB fechou com o progressista no embate com Edson Giroto, na ocasião filiado ao PMDB. Contudo, a relação desandou no ano seguinte, quando os tucanos pularam fora da base do prefeito e a “hoje vice-governadora”, apoiou a abertura de investigações contra o executivo, exercendo ainda o posicionamento favorável à cassação.
Para complicar ainda mais as feridas do trato entre Rose e Bernal, veio o vazamento de gravações telefônicas em que ela conversava com o prefeito interino, Gilmar Olarte, outro denunciado pelo MPE-MS com integrante de uma quadrilha responsável pelo afastamento do titular da chefia do executivo.
No retorno do progressista à função, alguns sinais de harmonia, mediadas pelo presidente da Câmara Municipal, João Rocha, que é do partido de Rose, mas que não evoluíram mesmo com diálogos entre Bernal e o governador Reinaldo Azambuja entre fevereiro e maio deste ano. Com discórdias na realização da etapa da Caravana da Saúde e o impasse nas explicações do sumiço de doses de vacina para a gripe H1N1, o distanciamento entre Bernal e os tucanos se consolidou.
*O Estado
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