Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo reeditaram, ainda que a distância, uma rivalidade que marcou o futebol brasileiro na década de 90. Nesta segunda-feira, o treinador gaúcho que hoje dirige o Guangzhou Evergrande, da China, se revoltou com as acusações de Luxemburgo sobre corrupção e manipulação de resultados no futebol chinês. Para Felipão, Luxemburgo usou “palavras totalmente absurdas e infundadas” para justificar seu fracasso – foi demitido do Tianjin Quanjian, clube da segunda divisão da China, após seis meses de trabalho.
Felipão ressaltou que está há um ano e meio no Guangzhou, atual pentacampeão da primeira divisão chinesa, e que nunca soube de nenhuma irregularidade. Sem citar casos específicos, Scolari afirmou que casos de corrupção já ocorreram no Brasil. “Desde que estou aqui, nunca se ouviu falar em algum detalhe diferente do normal realizado em campo. Se há alguns anos aconteceu algum episódio desse tipo aqui, e pode ter ocorrido, também ocorreu no Brasil e o Vanderlei sabe porque lá estava”, atacou Felipão em entrevista à ESPN Brasil.
O treinador da seleção brasileira nas Copas de 2002 e 2014 disse ainda que toda a sua comissão e os atletas brasileiros (incluindo Paulinho e Ricardo Goulart) se dão muito bem com os chineses, mas que as declarações de Luxemburgo prejudicam a imagem dos brasileiros no país.
“É uma situação um pouco estranha para mim, absurda. Nós todos estamos chateadíssimos com esse tipo de atitude, porque começam aqui na China a ter um certo preconceito com os brasileiros com esse tipo de declaração absurda (…) “Alguns comentaristas já dizem que alguns brasileiros vêm com o intuito apenas de ganhar dinheiro e não para fazer que o futebol chinês evolua.”
“Eu acho que às vezes, para justificar algumas coisas que não acontecem de bom na nossa vida, não é preciso acusar alguém sem saber profundamente sobre o assunto. Achei totalmente absurdas e ridículas as palavras. O presidente do clube em que ele trabalhou lhe pagou corretamente e lhe deu todas as condições, e achamos que o que ele disse deixou uma situação muito ruim para todo mundo”, continuou Felipão.
Em seguida, Scolari foi ainda mais claro ao dizer que Luxemburgo está tentando justificar seu fracasso. “Foi para justificar. Você sai do seu serviço, do seu país, e pode não dar certo. Mas não justifica não conseguir atingir o objetivo, transferir para uma coisa que a China pode ter vivido há cinquenta, quarenta ou trinta anos e hoje é impossível. A federação cuida muito desses campeonatos (…) Ele é muito bom treinador, mas às vezes, por estar pressionado por não estar trabalhando, não ter ganho um ou outro título, fica um pouco preocupado, fala algumas coisas que não são as mais corretas”, encerrou Felipão.
Na segunda-feira, em uma tumultuada entrevista ao SporTV, Luxemburgo afirmou que há manipulação de resultados em muitos jogos na China. “É tudo armado”, chegou a dizer. O treinador carioca, inclusive, citou um jogo em que o Tianjin Quanjian foi derrotado pelo lanterna Qingdao Jonoon por 3 a 2, e disse que um atleta seu – “o camisa 5” – falhou deliberadamente nos três gols.
Luxemburgo afirmou que o atleta em questão havia sido treinado por Felipão e que o próprio colega o havia advertido que o jogador era “meio complicado”. Naquela partida, o camisa 5 do time de Luxemburgo era o camaronês Jean-Jacques Kilama, que defende a seleção de Hong Kong. Não há registros de que ele tenha sido comandado por Felipão, tampouco imagens da partida em questão disponíveis no YouTube. Nesta segunda-feira, Felipão não foi perguntado sobre o atleta em sua entrevista à ESPN Brasil.
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