Tite não fez questão de esconder: seu primeiro clássico pela seleção brasileira não é um jogo qualquer. O treinador gaúcho admitiu a emoção por enfrentar a Argentina e pregou respeito absoluto ao rival e, sobretudo, a seu principal jogador, Lionel Messi. Em entrevista na noite desta quarta-feira, no Mineirão, Tite disse ter a receita não para parar, mas “minimizar as ações” do melhor jogador do mundo e ressaltou que Neymar e outros atletas também podem fazer a diferença no clássico desta quinta-feira, às 21h45 (de Brasília).
Tite recebeu vários questionamentos, em português e em espanhol, sobre Messi. Na primeira, revelou que não conversou com Neymar sobre as características do argentino – mas deu a entender que pode ter falado com Daniel Alves para colher informações. “A primeira coisa que eu aprendi é que não se pergunta sobre um jogador aos colegas de clube, eticamente não é legal. Dá para perguntar aos atletas que já jogaram com ele e não jogam mais. As informações e os estudos a gente tem.”
Pouco depois, uma repórter espanhola insistiu no assunto e Tite respondeu com bom humor. “Não se para Messi, não se para Neymar. Voce pode diminuir ações e participações. Sei o que eu vou fazer, mas não vou dizer. (risos)”. Novamente perguntado sobre a dupla de ataque do Barcelona, Tite repetiu que “não se neutraliza craque” e disse que outros jogadores podem brilhar no Mineirão. “A engrenagem tem que estar funcionando, se não o craque não vai conseguir decidir sozinho. O coletivo tem que estar forte. Ainda tem Dí Maria, Higuaín, Coutinho, Douglas Costa, Gabriel Jesus, uma série de grandes jogadores que podem decidir.”
O técnico realizou um leve treino nesta tarde, com ênfase em trabalhos de bola parada, com Neymar e Phillipe Coutinho se destacando. O time brasileiro para o clássico está definido: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda, Marcelo, Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus.
Abaixo, outros trechos da entrevista de Tite:
Relação com Edgardo Bauza, técnico da Argentina
Primeiro que campeão a gente respeita. Ele tem o meu respeito e não digo isso pra fazer média, falei direto para ele. Ele se credenciou para estar na seleção argentina. Não gosto de individualizar enfrentamentos. São duas extraordinárias equipes. Nós somos componentes, mas não a essência.
Ansiedade
Sim, é meu jogo mais difícil. Pelo aspecto, a grandeza, não vou ser hipócrita. Para a classificação, vale três pontos como qualquer outro jogo, mas a dimensão e a história do clássico dão um componente diferente. Eu dizia em clubes que o clássico é um campeonato à parte. Não sei se vale para seleção, mas é um condição diferente. Não vou dormir direto essa noite. Eu sou assim, cada um tem um jeito, esse é o meu. Não posso dizer que estou tranquilo. Se estivesse, estaria preocupado comigo mesmo.
Marcelo x Filipe Luís
Tive um conversa com eles, não foi reservada, foi pública, todos viram. Disse que sob meu comando, Marcelo veio primeiro e jogou muito. Depois veio Filipe e jogou demais na sequência. O que eu tenho como critério: o Marcelo saiu por uma questão física e não técnica, por isso voltará a ser titular.
Daniel Alves capitão
Repeti a capitânia do Daniel por um motivo: uma homenagem ao Carlos Alberto Torres. Daniel vai jogar com a camisa número 4 e esse é um simbolismo de alguém que fez historia no futebol mundial. Vou fazer uma inconfidência: umas duas ou três semanas antes de sua morte, tive um almoço com o Carlos Alberto e ele foi pedir à CBF que pudesse dar emprego para três campeões do mundo que estavam com dificuldades financeiras. Ele tinha esse lado. Uma pessoa que teve uma história tão bonita.
*Veja
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