O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira que as contas do governo Dilma Rousseff “simplesmente não fechavam” e que encontrou um “déficit de verdade” ao assumir o Planalto. “No Brasil que nós encontramos, não havia apenas um déficit fiscal. Havia também — lamento dizer — um certo déficit de verdade. E não é possível continuar assim. É preciso encarar os fatos tal como são. Por muito tempo, o governo gastou mais do que podia. Agora a realidade bate a porta e cobra naturalmente o seu preço”, afirmou o presidente na cerimônia de abertura do 45ª Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.
Com o intuito de pontuar as diferenças da sua gestão, Temer afirmou a necessidade das reformas, como a da Previdência, e que o Brasil só voltará a crescer “se substituirmos o ilusionismo pelo lucidez”. “Se prosseguíssemos naquele ritmo, em 2024 teríamos de fechar o Brasil para balanço”.
O Conselhão foi criado em 2003 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de assessorar o Executivo na elaboração de políticas públicas, aproximando o governo de setores da sociedade civil. O Conselho é formado por 96 membros, entre os quais estão celebridades, como o ator Milton Gonçalves, o ex-jogador de futebol Raí e o técnico da seleção de vôlei Bernardinho; e nomes do empresariado brasileiro, como Abílio Diniz, da BRF, Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Claudia Sender, da TAM, e Jorge Gerdau, da Gerdau.
Temer afirmou que os conselheiros agora fazem parte do governo e os classificou como “agentes da governabilidade”. Também destacou a relevância do Congresso no debate das medidas anti-crise, citando em especial a reforma da Previdência. “É importante ter o apoio do Parlamento para que tudo que nós produzimos a favor do país seja avaliado. O déficit era de 170 bilhões de reais, e o da Previdência Social poderá chegar a 140 bilhões de reais. São déficits assustadores que ruíram a confiança dos investidores e dos consumidores. O preço desse descuido não é pago pelo governante que gasta demais. É pago pelo trabalhador que sente os efeitos da irresponsabilidade no emprego e no bolso”, disse.
Em seu discurso, Temer também disse que “não há diálogo construtivo sem franqueza” e ressaltou que o diálogo é um dos suportes de seu governo “ao lado da ideia de que é preciso reformar para crescer”. “O diálogo não deve ser mero acessório, é traço fundamental na democracia”, completou.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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