Não faz nem um ano que o advogado Rafael Cândiacomeçou a criar conteúdo com toques de humor nas redes sociais e o sucesso já é evidente. De Campo Grande, ele saiu de pouco mais de mil seguidores para 80 mil pessoas que o acompanham. Com todo esse sucesso na internet, o advogado conseguiu ganhar novos clientes, mas especialista em criação de conteúdo explica que os chamados ‘virais’ não são para todos e que há espaço para diferentes perfis profissionais.
Rafael é um exemplo de quem conseguiu fazer sucesso nas redes sociais com conteúdos profissionais. Isso pode até parecer impossível para quem atua em áreas consideradas mais sérias, como o Direito, mas o advogado mostrou que é possível. Ele explica que utilizava as redes somente para consumir conteúdo, até que começou a ser mais ativo nos stories.
Cândia afirma que tinha cerca de mil seguidores, em sua maioria amigos e conhecidos. “A aceitação foi muito boa nos stories por quem já me seguia, mas eu não falava nada específico, eram aleatoriedades. Só que eu passei a gostar e decidi estudar mais sobre as redes sociais”.
Entender como funcionam as redes sociais foi o ponto de partida para o crescimento do perfil no Instagram. Decidido, Rafael montou uma estratégia para começar a ganhar dinheiro criando conteúdo. Ele estruturou um projeto para auxiliar novos advogados e sabia que um dos atrativos era justamente o humor. “Então, em março fiz o meu primeiro Reels e desde então a aceitação foi maravilhosa”.
A advocacia é considerada uma área bastante formal, mas Rafael explica que há muitos profissionais que buscam levar a rotina de uma maneira mais leve — são justamente essas pessoas que o seguem. Uma estratégia efetiva para que o conteúdo faça sucesso e seja bastante compartilhado é a identificação, ou seja, o seguidor vai achar engraçado, já que ele passou por aquela experiência.
“Esse pode ser o motivo do ‘sucesso’. As pessoas podem gostar do vídeo por esses três motivos: ela se vê naquela situação apresentada, ou ela também tem a mesma crítica sobre certo assunto, e por último, ela simplesmente ri do bom humor empregado no vídeo”, diz o advogado.
Rafael afirma que a criação de conteúdo não tinha como objetivo captar clientes, mas a procura profissional aumentou muito. Além de dar aulas, Rafael faz até ‘publi’ e é um verdadeiro multitarefas. “O projeto em que ajudo advogados tem me proporcionado uma experiência incrível, pois a aceitação é muito boa! Hoje existem 700 advogados no grupo que criei e dou aulas. Inclusive comecei a dar palestras em diversos estados para falar com a jovem advocacia”, comemora.
Para quem quer começar a produzir conteúdo, ele recomenda dedicação. Além disso, é preciso focar na autenticidade e naturalidade. “Não tente ser aquilo que você não é, o público percebe e acaba não gerando identificação”, recomenda o advogado.
Não é novidade para ninguém que ter um perfil nas redes sociais é importante para qualquer empresa ou profissional. Contudo, há uma discussão sobre um termo denominado ‘tiktokzação das profissões. Afinal, todos os profissionais precisam atuar, dançar e criar conteúdos engraçados na internet?
Paulo Ricardo Kantoré publicitário e explica que conteúdos de humor, como os de Rafael, fazem muito sucesso com o público, mas não são a única alternativa. “Estar na rede social exige que se crie conteúdo. Alguns optam por criar conteúdo de humor, que tende a viralizar mais do que os outros. Mas viralizar não significa necessariamente ter mais clientes”.
O publicitário trabalha com a criação de conteúdo nas redes e afirma que quem trabalha na área do direito penal, por exemplo, pode criar conteúdos rápidos e falar sobre casos da área. Assim, o profissional pode construir uma audiência e ser reconhecido como autoridade no assunto.
Paulo aponta que a viralização não precisa ser o objetivo dos profissionais nas redes. “Se você alcança 400 pessoas diariamente, já é um número muito grande. Considerando uma taxa de conversão de 1%, já são quatro clientes novos. Não precisa explodir, viralizar para ter sucesso na internet. Precisa ter consistência e conteúdo de qualidade”.
O especialista explica que não é preciso estar em todas as redes sociais. O Tiktok, que é a febre do momento, favorece a viralização, mas não converte tanto em clientes. “Ele viraliza, mas não te dá tantas opções para incluir um site, por exemplo. O Instagram tem o link da bio, directs, stories, é mais fácil. Atualmente, o Instagram é a melhor rede para investir, mas não deve ser a única. Fez o vídeo? Posta no Tiktok, no Twitter. Já fez, o que custa?”, sugere Paulo.
Para quem ainda não está na rede social, ainda dá tempo de começar. O publicitário afirma que uma dica para entender a criação de conteúdo é seguir profissionais da mesma área. Ele garante que não precisa ser um gênio da internet para criar conteúdo de qualidade.
“Às vezes, tem um esteticista do Paraná que faz conteúdo, posso tirar dele algumas ideias e mostrar para a minha bolha. Não precisa ser um gênio da internet, vá anotando insights, adaptando para a sua realidade. Muita gente tem vergonha de gravar vídeos, mas aproveita que ainda tem poucos seguidores e grava, vai fazendo, só vai perder vergonha fazendo mesmo”, recomenda.
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