Muita coisa aconteceu na semana do futebol sul-americano e também com gente nossa, nascida neste continente que não se confunde em sorteios de bolinhas.
Supercopa paraguaia
O calendário do futebol paraguaio fechou 2021 com um clássico entre Cerro e Olimpia pela recém criada Supercopa. Foi o tal jogo com a polêmica expulsão do goleiro Jean antes mesmo do início da partida.
E foi também o encontro que terminou com duas meias voltas olímpicas. Assim mesmo. Explico: o Olimpia, habilitado a disputar essa final única por ter vencido a Copa Paraguay, ganhou por 3 a 1. Por razões óbvias, os jogadores festejaram no gramado. O Cerro Porteño, derrotado na tarde de domingo, não aguentaria calado todo aquele desaforo.
Lá pelas tantas, alguém buscou a taça do Clausura, campeonato que levou o time à decisão, e os jogadores também fizeram a festa com os seus. Insólito, porém verdadeiro: no mesmo Defensores del Chaco, no mesmo gramado, na mesma tarde e no mesmo horário, Cerro e Olimpia comemoram juntos dois títulos diferentes.
Como se isso não fosse o suficiente, ainda rolou essa provocação do Olimpia. Partida importante, decisão de título e os dois times com uniformes especiais As duas camisetas tinham os escudos dos finalistas.
O símbolo do Cerro Porteño ficou pertinho das estrelas que marcam as três conquistas de Libertadores na camiseta do Olimpia. Aproveitaram: "O mais próximo que vai chegar de uma estrela" - escreveu o Olimpia em uma de suas redes sociais, justamente zombando das inócuas participações internacionais do Cerro (que nunca, nem sequer alcançou uma final de Copa).
Boca campeón
Quem também teve um fim de ano melhor do que a temporada prometia foi o Boca Jrs. Depois da conquista na Copa Argentina nos pênaltis contra o Talleres, o Boca viajou direto para o famigerado mundo árabe. Lá, jogou contra o Barcelona pela Maradona Cup (torneio amistoso, criado para homenagear Diego Maradona).
Durante os noventa minutos, o que de mais interessante rolou no empate por 1 a 1 foi essa maravilhosa caneta distribuída por Agustín Almendra num pobre cristão com o uniforme do Barça. Outro detalhe do lance - muito bem observado - se dá depois que a jogada é concluída: o sorriso cúmplice de Maradona estampado na bandeira ao fundo.
Depois da vitória nos pênaltis, apareceu o belíssimo troféu da Maradona Cup - erguido por Izquierdoz, capitão do Boca, e por duas das filhas de Diego: Dalma e Giannina.
Finalmente... campeão nacional
"Independiente Del Valle, o futuro campeão equatoriano". Por muito e muito tempo, essa era a forma com a qual a imprensa local definia o clube que fazia tudo certo (tinha investimento, um bom time), mas sucumbia no final. De fato, o Del Valle primeiro alcançou o sucesso internacionalmente com a Copa Sul-Americana de 2019 e só agora, dois anos depois, bateu campeão nacional.
E pra quem vasculha o mundo afora buscando um bom técnico que seja necessariamente português, sei lá… Renato Paiva.
Ninguém esperava
Ano passado estava na segunda divisão, este ano é o novíssimo campeão boliviano. A façanha e o sucesso do Independiente Petrolero, da cidade de Sucre, tem muito mérito em sua presidente Jenny Montaño. Foi ela quem trouxe o time de volta para a elite, e ela também quem endureceu a postura do clube quando o sindicato dos jogadores organizou uma greve contra a Federação.
A definição do título ficou para a última rodada. O Strongest estava na liderança, um pontinho a mais que o próprio Independiente. O Tigre só tinha que vencer o seu jogo e já levava o caneco. Não conseguiu. Perdeu por 1 a 0 e o Independiente Petrolero, graças a um gol marcado de coxa e no acréscimo dos acréscimos, arrebatou a estrela do time de La Paz.
A surpresa foi tão, mas tão grande… que no estádio não havia ninguém da Federación Boliviana de Fútbol para entregar as medalhas. O motorista do delegado da partida ACUMULOU FUNÇÕES e tocou a premiação.
O segundo melhor dessa geração
Foi emocionante o anúncio de aposentadoria de Sergio Kun Aguero, o melhor de sua geração depois de Messi. É sempre muito triste quando a aposentadoria chega de forma compulsória, na instabilidade de um gráfico que acusa uma arritmia cardíaca. O certo seria por uma escolha pessoal.
Aguero se despede do futebol aos 33 anos e sem ter tempo de voltar ao Independiente, clube que reformou o estádio graças à venda de sua joia para a Europa. Tempo, justamente. Foi lá em 1997 que ele se tornou o jogador mais jovem a estrear profissionalmente no futebol argentino. Quando tinha 15 anos de idade, num clássico contra o San Lorenzo, Aguero bateu o recorde de um tal Diego Armando Maradona.
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