Mais uma vez, o tradicional Carnaval de rua de Corumbá (419km de Campo Grande), poderá ser cancelado e por lá, dirigentes da escolas de samba e comerciantes espera apreensivos pela decisão para que possam planejar o ano de 2022. O momento é de cautela devido aumento no número de internações de pessoas infectadas com o vírus H3N2 da Influenza A e outros tipos de síndromes gripais.
Ao Campo Grande News, nesta quarta (29), o prefeito Marcelo Iunes, informou que a definição sobre a realização, ou não, será anunciado ainda esta semana e que seguirá as recomendações do programa Prosseguir e do comitê gestor do município de combate à covid.
A movimentação esperada, caso ocorra, “é em torno de R$ 15 milhões, sendo cerca de R$ 3 milhões de investimentos do município”, segundo secretário de Desenvolvimento Econômico de Corumbá, Cássio Costa Marques.
De acordo com o presidente da Associação Comercial de Corumbá, André de Arruda Campos, a entidade ainda não tem um posicionamento oficial em relação a um possível cancelamento e deverá reunir, nos próximos dias, instituições como a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e Acert (Associação Corumbaense das Empresas de Turismo), para tratar do assunto. “Vamos ouvir todos os setores, principalmente os de hotelaria e restaurantes, que são os mais afetados, para tomarmos uma decisão”.
Entre ter quatro dias festa e colher um fruto amargo pelo resto do ano, é preferível não ter Carnaval”, André de Arruda
No entanto, Arruda admite estar preocupado com a ameaça de crise sanitária no município e que não medirá esforços para preservar a saúde da população. “Temos que ter muita calma nessa hora, pois sabemos que o cenário é instável e as notícias não são as melhores. Entre ter quatro dias festa e colher um fruto amargo pelo resto do ano, é preferível não ter Carnaval. A princípio estamos caminhando para este entendimento, mas ainda temos alguns dias para observar este cenário”.
Outro fator preocupante, apontado pelo representante dos empresários, é um possível aumento no número de visitantes que serão atraídos à Corumbá, caso seja realizado o Carnaval, além dos festejos da virada do ano. “Quanto mais cidades cancelam seus eventos, a demanda ficar maior para a gente, caso mantenha o Carnaval. O risco de a gente ter pessoas do mundo inteiro aqui é muito grande. Além das festas de fim de ano que naturalmente reúnem um maior número de pessoas e isso é um contraponto. Tudo o que não queremos”, finaliza.
O possível cancelamento também preocupa quem mais dependente da realização do evento, que aquece a economia da cidade, antes e durante a folia. Somente as 10 principais escolas de samba envolvem aproximadamente 600 profissionais, além de integrantes da Libloc (Liga Independente dos Blocos Carnavalescos de Corumbá) e Cordões Carnavalescos, que aguardam posicionamento do Município.
São aderecistas, músicos, cantores, bailarinos, coreógrafos dançarinos, escultores, carnavalescos, além de ferreiros, marceneiros, operadores de som, costureiras, entre outras atividades, que estão direta e indiretamente envolvidas com o maior Carnaval de rua de Mato Grosso do Sul.
“São pessoas que realizam atividades em mais de uma escola e que ajudam a circular a economia da cidade através da geração de renda ou suplementação no orçamento mensal. Tudo isso antes do desfile, sem contar as atividades que tem envolvimento apenas no dia. Então o impacto da não realização não é somente ao universo das escolas de samba, que, certamente, fica muito prejudicado com mais um ano sem Carnaval, caso isso aconteça. São pessoas, famílias, que têm no Carnaval um emprego, um trabalho, que é construído muito antes da avenida e ajuda na própria dinâmica econômica do município”, disse o presidente da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá), Victor Raphael.
Para o representante das agremiações o momento é de cautela. Ele aposta na imunização em massa da população para que a realização do evento seja possível. “As escolas de samba já se engajaram uma vez, inclusive com campanhas nas redes sociais, estimulando a população a não fazer qualquer tipo de celebração no Carnaval de 2021. Sem o advento da imunização, pensar numa eventual realização de desfiles e eventos seria temerário. O momento é de farta distribuição de vacinas pelos órgãos públicos. Agora, devemos fazer a imunização completa e reforços com o interesse que vai além do Carnaval. Caso não haja uma vacinação satisfatória, não será apenas o Carnaval ou os desfiles das escolas de samba que tenderão a regredir em seus propósitos, mas tudo aquilo que tem sido conquistado através da imunização. A avaliação é de que há um tempo para se avaliar isso pelas autoridades locais”, salienta.
Morte - A cidade registrou a segunda morte em Mato Grosso do Sul provocada pela H3N2 na última terça-feira (28). O primeiro óbito é de Campo Grande e foi um rapaz de 21 anos de idade, cujo falecimento ocorreu no dia 21 de dezembro.
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