Jéssica Delboni estará em ação nesta quarta-feira, no Invicta FC 45, em Kansas City, nos Estados Unidos, na primeira disputa de cinturão do Brasil em 2022. Ela lutará pelo título do peso-átomo contra a campeã, Alesha Zappitela, na luta principal da noite.
A disputa é uma revanche do duelo que aconteceu em maio do ano passado, quando a campeã levou a melhor em uma polêmica decisão dividida dos jurados. Em entrevista ao Combate, a parceira de treinos de Jéssica Bate-Estava na PRVT contou que vem pensando nesse reencontro há alguns meses.
- Fiz minha preparação toda no Brasil, no Rio de Janeiro, na PRVT. Eu lutei o GP em junho, descansei uns 20 dias com a minha família, pois foi um camp intenso nos últimos meses, tive lutas canceladas, lutei pelo cinturão, depois lutei o GP com três lutas na mesma noite e precisava descansar. Depois de uns 20 dias já passei a treinar intensamente sempre pensando nesse cinturão. Os treinos lá no Rio estavam intensos com as meninas. Nosso time é grande e o treino é muito bom. Da outra vez que lutei pelo cinturão tive que ficar em Nova York por 20 dias, cumprindo quarentena antes da luta, depois fiquei um pouco mais de uma semana com o mestre em Las Vegas. Dessa vez consegui fazer um treino muito bom, melhorei bastante, e também pude competir no submission e também no kickboxing… Ganhei um cinturão no submission depois de vencer três lutas na mesma noite e até brinquei com a dona do Invicta, falei que esse aqui era o cinturão antes do outro cinturão. Então consegui ficar seis meses treinando e competindo bastante, ganhei todas as lutas que competi, e por isso estou muito bem preparada pra essa luta.
Delboni contou que não concordou com o resultado de seu primeiro duelo contra Zappitella, mas revela que descobriu seus principais erros naquele combate e que fará bem diferente desta vez.
- Eu lutei cinco rounds, mas fiquei meio receosa em relação ao chão dela, pois ela é uma excelente wrestler, é a terceira do ranking nos EUA, então travei um pouco em relação a isso. Apesar de ter uma defesa de quedas boa, eu fiquei meio travada, não queria chutar muito, não fiz um camp pensando muito em chutar com medo dela me derrubar, mas no decorrer da luta meu mestre mandava eu chutar e acabou que deu muito certo, fui minando ela ali. Eu venci aquela luta, não tinha como dar a vitória pra ela, eu tinha certeza que tinha vencido. É o que eu vou mudar nessa luta agora, não vou mais ficar esperando, vou com tudo mesmo, quero nocautear. Se eu não nocautear, vou ficar os cinco rounds tentando. Pode acreditar. Não vou deixar nas mãos dos juízes.
Com a experiência de já ter enfrentado a campeã e novamente ter estudado o jogo da adversária, Delboni sabe o que deve ter pela frente nesta quarta-feira.
- A principal arma dela é o wrestling, ela não gosta muito de trocar porrada. Eu tenho total noção que a minha trocação é melhor do que a dela. Eu sou melhor em pé e eu tenho uma defesa de quedas muito boa, então por mais que ela seja boa de wrestling, eu tenho uma defesa boa, tanto que na última luta ela tentou me derrubar 13 vezes e eu defendi todas. Ela não me derrubou nenhuma vez. Estou preparada pra qualquer área, se ela quiser trocar comigo pode vir, mas vai se dar mal, e se quiser me colocar pra baixo, pode tentar, e se eu cair vou me levantar, vou usar meu jiu-jítsu também.
Logo após perder a disputa pelo título contra Zappitella, em maio do ano passado, a brasileira voltou ao cage vinte dias depois, em uma missão pra lá de complicada: participar de um torneio onde precisaria vencer três adversárias na mesma noite, e com isso garantir um novo title-shot.
- O GP foi uma experiência incrível. Inicialmente, quando acabou minha luta pelo cinturão, a dona do Invicta chegou em mim e falou que iria ter um GP em três semanas, e que se quisesse lutar, iria fazer três lutas na mesma noite, e se fosse a campeã iria lutar pelo título de novo. Na hora falei com meu mestre, disse que não queria lutar, que queria dar um tempo, estava muito chateada. Eu vinha de duas lutas canceladas no Brasil, tinha feito dois camps pras lutas que foram canceladas e depois de treinar bastante cheguei lá e perdi o cinturão, sendo que eu tinha vencido. Estava muito triste e estava desistindo mesmo. Aí ele falou comigo "Não, você acabou de ganhar da campeã da categoria. Vamos lutar esse GP e fazer essa última luta. Se você perder o GP eu mesmo vou falar pra você dar uma descansada, mas você vai vencer. Você está pronta, lutou com a campeã e ganhou dela, então vamos lutar esse GP pra lutar pelo título de novo". E foi exatamente assim. Foi uma experiência incrível. Eu botei na minha cabeça que estava pronta, e como eu tinha acabado de bater na campeã, eu ia bater nessas meninas também. Mas tem aquilo, o GP são três lutas na mesma noite, com três meninas diferentes e três estratégias diferentes. Eu estava esperando o Invicta anunciar quem seriam as lutadoras do GP e quando eles postaram quem iria lutar, eu comecei a procurar os vídeos delas e estudei o jogo de cada uma.
- A primeira luta ia ser por votação, então eu pedi pra todo mundo votar numa menina que era da mesma equipe da Alesha. Eu queria fazer essa luta contra ela porque ela tinha visto minha luta contra ela, era amiga de treinos dela e tudo. Ela ainda falou algumas besteiras nas redes sociais, que ia ser a campeã do GP e veio me provocando. Então eu pedi pra todo mundo votar porque eu queria lutar contra ela. E deu certo. Lutei contra ela primeiro, ganhei a luta. A primeira luta do GP era de apenas cinco minutos, por isso não entra no cartel. Botei pra baixo, fiz o ground and pound e ganhei a luta. A partir da segunda luta era assim: quem nocauteasse ou finalizasse mais rápido na primeira luta, tinha o direito de escolher quem iria enfrentar na segunda luta. A Lindsey (Vanzandt), que eu lutei alguns anos atrás, finalizou muito rápido a adversária dela e escolheu com quem ela iria lutar na semifinal e quem eu iria enfrentar. Foi uma luta que eu queria, pois casava bem com meu jogo, eu tinha visto ela lutar também. A Lindsey e eu éramos as favoritas, e ela ganhou a semifinal também. Venci a minha e fui pra final. Eu já tinha lutado contra a Lindsey antes, vi que ela tinha evoluído muito na trocação, Eu sabia que ela não ia me botar pra baixo, então fiz tudo que eu não fiz na luta pelo cinturão. Fui pra dentro, não consegui nocautear, mas quase cheguei lá. Foi uma luta muito boa. Então foi ótimo.
Com o título do GP e uma nova luta pelo cinturão garantida, Delboni comemorou o empurrão que ganhou de seu mestre, Gilliard Paraná, e a decisão acertada de lutar o torneio.
- No início não queria lutar por tudo que aconteceu, mas no final vejo que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Foi muito bom pra mim mesma, pra acreditar no meu potencial, pra eu melhorar como atleta. Vi que Deus tinha esse plano pra mim. Quando eu entrei, antes de cada luta, conversei muito com Deus naquele dia e falei "Senhor, só estou aqui por sua causa, porque você me botou aqui. Eu não estava planejando ficar aqui. Eu não queria ficar aqui nos EUA, então creio muito que se o Senhor me trouxe pra essa luta, pra esse GP, o Senhor vai me fazer campeã essa noite". Eu pedi muita a Deus pra estar comigo em cada luta, pra me ajudar a fazer a estratégia perfeita pra cada luta, me ajudasse a ficar tranquila pra aquele GP. Pedi isso antes da luta e eu estava literalmente muito calma, estava numa paz divina e tive uma estratégia perfeita pra cada luta que eu fiz. Acabou se tornando uma grande história. Nem sei se o Invicta tem uma história dessa, de uma menina que perdeu a luta pelo cinturão, e que deu a maior briga na internet, porque todo mundo viu que eu venci. Venci o GP, fiquei mais famosa e agora acredito muito mais em mim.
Descansada e de confiança renovada, Jéssica Delboni garante que, desta vez, a luta não irá parar nas mãos dos juízes.
- Agora é o meu momento. Estou me sentindo muito bem preparada pra essa luta. Eu não tenho dúvidas que vou trazer a vitória na quarta-feira. É muito importante a gente estar com a cabeça boa e preparada pro que a gente vai fazer. Eu tenho total convicção que vou conseguir a vitória. Estou realmente confiante e dessa vez não vou deixar nas mãos dos juízes. É o que eu falei, se não nocautear, vou tentar nocautear em todos os rounds ou tentar finalizar de alguma forma. Hoje consigo ver que meu jiu-jítsu é muito bom, se for preciso vou usar também. A arma dela é botar pra baixo, não vejo ela querendo trocar comigo, mas se ela for trocar vai se dar mal. Não vou só com aquilo que eu fui da última vez, vou com coisas novas pra essa luta. Vou surpreendê-la de verdade, ela vai se assustar com o que vai encontrar lá. Se ela estiver bem preparada a gente vai fazer uma guerra lá em cima, mas se não estiver eu vou passar por cima dela.
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