Lá pelo lançamento de "Pânico 4", em 2011, estava bem difícil respeitar a franquia de terror como aquela que inovou todo o gênero em seu surgimento, 15 anos antes.
O quinto capítulo estreia nesta quinta-feira (13), abandona os numerais e retoma o título do original, apenas "Pânico", mas vai um tanto além.
O primeiro filme sem um de seus criadores na direção, Wes Craven (1939-2015), consegue revitalizar a série para uma nova geração, assim como aconteceu em 1996. Faz isso com sangue, novos personagens e muito da linguagem autoconsciente que marcou as produções.
O novo "Pânico" se atualiza ao explorar discussões atuais sobre fãs tóxicos, que muitas vezes ameaçam até mesmo aquilo que tanto admiram. No entanto, às vezes é esperto demais para o próprio bem.
Reconhecer seu status de intruso em uma era de terrores mais "inteligentes", como "O Babadook" (2014) ou as obras de Jordan Peele ("Corra!"), obviamente vai agradar o público que curte o gênero, mas se equilibra demais na linha tênue entre piscadela marota e bajulação descarada.
Mais de dez anos depois da última onda de ataques na pequena cidade americana de Woodsboro, alguém voltou a vestir a fantasia do famigerado Ghostface para tirar vidas.
Os alvos agora parece ser uma nova turma de jovens, já que a protagonista dos últimos quatro filmes está longe da região. Mesmo assim, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna a Woodsboro e reencontra antigos conhecidos para enfrentar a ameaça.
A trama, longe de ser das mais originais, serve de desculpa para que os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, dupla de "Casamento sangrento" (2019), costurarem seus comentários sobre o atual cenário do horror.
Uma das marcas da série, a autoconsciência dos personagens encontra ecos no cinema em geral, com franquias populares trazidas de volta à vida sem saber direito se são realmente necessárias (olá, "Matrix Resurrections").
Campbell, David Arquette e Courteney Cox repetem sua competência nos papéis que carregaram a franquia até aqui – por mais que o modo automático da última contraste com o comprometimento de seu ex-marido.
Mas é a nova leva de jovens atores e atrizes quem dá o verdadeiro ar fresco à série. Juntas, Melissa Barrera – que mostra evolução em relação a "Em um bairro de Nova York" (2021) – e Jenna Ortega ("A Babá: Rainha da Morte") têm carisma (e pulmões) suficiente para carregar a franquia por mais alguns anos.
O talento do elenco infelizmente precisa superar a obsessão crescente dos filmes em depender de sustos forçados, baseados em barulhos ensurdecedores e repentinos do que em tensão construída de verdade.
Há sangue, facadas e vísceras de sobra, mas falta o mistério e o clima que sempre vão manter o original acima das sequências.
O novo "Pânico" supera, sem dificuldades, o terceiro e o quarto episódios, mas ainda fica devendo bastante em relação ao primeiro – por mais que seja sua óbvia maior inspiração.
Pode ser o suficiente para atrair uma nova geração. Nem sempre é necessário reinventar todo um gênero, e o filme não tem tal intenção. Mas fica a dúvida se não seria um esforço um pouco mais válido.
Mín. 23° Máx. 36°