Nesta quarta-feira, será o julgamento em terceira instância do Robinho, acusado de estupro coletivo. Ele já foi condenado em primeira e segunda instâncias a nove anos de prisão.
Pouco importa, para mim, quem é o réu: se é militar, empresário, morador de rua ou ex-jogador famoso, com carinha de menino e para quem uma grande parte das pessoas tenta passar pano em um crime hediondo.
O estupro é um crime muito violento, que não acarreta só problemas físicos à vítima, mas também um forte abalo psicológico. A sociedade é acostumada a responsabilizar a vítima com justificativas ridículas e perversas.
"Olha como ela se vestiu".
"Ela estava se jogando".
"Ela foi porque quis".
Essas justificativas só não são mais perversas do que os comentários dos estupradores.
"Cara, fiz tudo, ela estava entregue".
"Estava tão louca que nem se tocou de nada".
"Caraca, pegamos ela em cinco".
Isso é revoltante. É uma vergonha para a sociedade aceitar esses tipos de comentários. Eles existem porque não são sobre uma filha, uma irmã ou qualquer outra mulher da família dessas pessoas.
Surpreendeu-me e me surpreende ainda jogadores ou ex-jogadores que ficam minimizando o crime atribuído ao Robinho, a ser confirmado no julgamento desta quarta.
Falam que ele tem o benefício da dúvida, que conhecem toda a família dele, que têm certeza de que ele é inocente, que jogam com ele desde criança, que ele é ótimo pai, ótimo filho – essas e todos outros tipos de passadas de pano.
Estamos falando de uma dor incrível para a vítima e sua família. E de algo vergonhoso para os homens que se calam perante uma situação dessas.
A cada oito minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. Enquanto se ficar tentando desmoralizar a vítima em vez de levar o criminoso a julgamento, isso não Irá mudar tão cedo.
Nós, homens, temos que nos posicionar contra esse crime. Não são só as mulheres, vítimas, que devem protestar. Nós, homens, devemos fazer também.
É vereador que comete assédio sexual sendo filmado, é jogador abusando de mulher em estado de vulnerabilidade. Fazem isso porque se sentem seguros pela posição que têm e também com a certeza da impunidade.
Veja o caso do Mendy, lateral-esquerdo francês do Manchester City. Ele foi preso, acusado de sete casos de estupro e de uma agressão sexual. Acabou saindo da prisão, mediante pagamento de fiança, mas ainda pode ser condenado à prisão perpétua.
Vamos esperar o resultado desse julgamento do Robinho lá na Itália e depois veremos o comportamento das pessoas. Eu só espero que a Justiça seja feita com muita consciência. E que se cobre mais rigidez das autoridades contra esse crime horrendo, seja quem for o criminoso.
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