Troca no comando da OAB pacificará relação política

Para os advogados sul-mato-grossenses recém-empossados conselheiros federais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a gestão do novo presidente da direção nacional, Beto Simonetti, deve dar um refresco na conflituosa relação da entidade com o presidente Jair Bolsonaro, do PL. 

Desde que assumiu o cargo, em 2019, o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz protagonizou seguidos embates com o mandatário. 

Contudo, o novo comando da Ordem, ao menos na perspectiva dos três conselheiros oriundos da OAB-MS, deve deixar de lado os enfrentamentos com Bolsonaro e optar pela “defesa dos advogados”. Ou seja, Simonetti deve focar a gestão em programas que progridam a performance da classe dos juristas.

A advogada Andréa Flores, uma das conselheiras que vão compor a nova gestão, disse acreditar que “o novo presidente da OAB nacional terá como prioridade a defesa das prerrogativas dos advogados e o fortalecimento e engrandecimento da nossa classe”.

Outro conselheiro, Mansour Elias Karmouche, que já chefiou a OAB de MS, afirmou que “o ex-presidente [Santa Cruz] se pautou por fazer uma oposição sistemática ao presidente da República porque tinha um projeto político partidário pessoal”. 

De fato, Santa Cruz foi convidado a assinar ficha no PSD e virar pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. No entanto, ele não oficializou a ideia, embora tenha, por repetidas vezes, dito que se “chamado” ingressaria na política eleitoral.

Já o terceiro conselheiro de MS na nacional, o advogado Ricardo Souza Pereira, sustentou que o novo presidente da OAB “terá uma postura combativa ao negacionismo, defenderá a democracia e o processo eleitoral. Todavia, acho que não será beligerante a relação com o presidente, porém, caso haja ataque à instituição, ele elevará o tom para preservar os interesses da classe”, frisa.

O Conselho Federal, segundo a entidade, é o órgão máximo na estrutura da Ordem dos Advogados do Brasil, formado por representantes de suas seccionais instaladas nos 27 estados do País. Os conselheiros são responsáveis pela defesa dos interesses da advocacia nacional e em dar efetividade às suas finalidades legalmente estabelecidas.

Uma das razões que poderia justificar os confrontos de Santa Cruz com o presidente tem a ver com sumiço do pai do ex-presidente da OAB no período da ditadura militar, regime defendido por Bolsonaro diversas vezes.

Retomando a expectativa acerca do novo presidente da OAB nacional, o ex-presidente Santa Cruz teria cometido “vários desvios de finalidade para a qual direcionou suas manifestações”, segundo o conselheiro Karmouche.

O ex-presidente da OAB de MS afirmou ainda que “com Beto Simonetti tenho a mais absoluta certeza de que será completamente diferente. Além do compromisso firmado conosco e com as demais seccionais de fazer a advocacia para a advocacia, sem partidarização política ideológica, não tem o mesmo perfil do ex”, revela.

“O debate deve ser firme, sem paixões, mas que ao fim e ao cabo defenda o que reza a nossa Constituição e o próprio Estado Democrático de Direito”, finaliza Mansour.

A conselheira Andréa Flores afirmou que “em muitos casos de repercussão nacional a OAB é chamada a se posicionar, e tenho certeza de que o presidente Simonetti se pautará pela defesa do Estado Democrático de Direito e pela defesa das garantias da nossa Constituição Federal. Também acredito que pelo perfil do nosso novo presidente, a princípio, haverá grande empenho em manter uma excelente relação com os chefes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário”.

Andréa conclui o raciocínio assegurando estar “muito confiante de que essa gestão, capitaneada pelo presidente Simonetti e com o auxílio dos demais conselheiros federais, avançará em prol da advocacia e contribuirá para a história da Ordem dos Advogados do Brasil”, destaca a advogada que faz parte da extensa lista de conselheiros.

Cada estado tem direito a indicar três conselheiros para compor o grupo nacional da OAB. Como as eleições são realizadas a cada dois anos pela entidade, é nesse período que os advogados que compõem o conselho são trocados, proporcionando uma grande rotatividade de nomes a ocuparem tais cadeiras