Denuncia de água contaminada por agrotóxicos e falta de comida nas aldeias Jaguapiru e Bororó em Dourados, cidade a 229 quilômetros de Campo Grande), foi feita pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT) em sessão na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (09). Segundo o parlamentar, relatos feitos pelas comunidades, população vizinha e indigenistas, são a falta de água potável devido a contaminação do lençol freático além de desnutrição dos indígenas das reservas.
Segundo a denúncia, pulverização aérea de agrotóxico contamina as nascentes usadas pelos indígenas para a coleta de água por meio dos poços. “A situação exige ação urgente porque nessa coleta de água, geralmente são usados tambores e galões, que trazem os agrotóxicos usados na lavoura. Essa situação vem resultando em diversos casos de diarreia, dor de cabeça, vômito e outras doenças comuns, que estão crescendo na comunidade, principalmente entre as crianças. Além disso, a fome assola a aldeia. Apesar de ter havido queda na desnutrição, a fome ainda é um problema e a população teme por uma ‘tragédia Yanomami’”, diz Kemp que acionou o MPF (Ministério Público Federal).
O deputado lembrou que em 2005, devido ao alto índice de desnutrição na reserva, foi formada uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional e uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Também comparou a situação dos indígenas de MS com os Yanomamis. “Diferente das comunidades Yanomamis, que se encontram dentro das matas da Floresta Amazônica, de difícil acesso, a Reserva Indígena de Dourados está localizada praticamente no perímetro urbano do Município. A calamidade sofrida pela comunidade está visível aos olhos da população e do poder público, que não pode se calar.”, disse.
O Estado possui a segunda maior população originária do País, sendo 74 mil indígenas, ficando atrás apenas do Amazonas (169 mil).