Após quase dois meses da posse de Lula, a gestão bolsonarista em Itaipu celebra nesta terça-feira (28) um evento histórico: o pagamento da última parcela da dívida pela construção da hidrelétrica, 50 anos após a celebração do Tratado com o Paraguai para a realização da obra.
O evento será conduzido pelo lado brasileiro pelo atual diretor-geral, almirante Risden, nomeado por Jair Bolsonaro e que ainda dá as cartas na companhia mesmo após a indicação por Lula de seu sucessor, o deputado federal Enio Verri (PT-PR).
O petista foi escolhido por Lula no dia 26 de janeiro, mas até hoje —mais de um mês após a indicação— ainda não assumiu o posto, o que na prática faz com que a companhia que administra a maior hidrelétrica do país contine sob comando bolsonarista.
O principal motivo apontado por fontes do governo, do PT e do PSD para a situação é uma indisposição do Ministério de Minas e Energia, comandado por Alexandre Silveira, e de seu partido, o PSD, com o Palácio do Planalto e o PT em razão do veto ao nome preferido de Silveira, Bruno Eustáquio, para a secretaria-executiva do MME.
Eustáquio é servidor de carreira, mas atuou no governo Bolsonaro como secretário-executivo na Infraestrutura e também em Minas e Energia, o que motiva o veto petista.
Além disso, há incômodo no PSD com o fato de o PT ter dominado outros postos relevantes da área energética, como a Petrobras, e também dificultado que o partido indique nomes para diretorias de Itaipu.
Incomodado, o Ministério de Minas e Energia ainda não encaminhou a indicação de Verri à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (ENBPar), órgão que controla Itaipu e precisa aprovar seu nome para que ele possa assumir o cargo.
A ENBPar é comandado por integrantes da Marinha, parte deles ligados ao ex-ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.
Desde que assumiu — e diante do impasse com o PT , Silveira se aproximou da força. O ministro participará do evento nesta terça com a cúpula bolsonarista de Itaipu.
Procurada, a ENBPar informou à CNN que a empresa não recebeu do Ministério de Minas e Energia qualquer sinal para indicações em Itaipu e que não participou de nenhuma reunião sobre indicações e de possíveis mudanças em Itaipu nem das empresas controladas.
Procurado, os ministros Alexandre Silveira e Rui Costa e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSD, Gilberto Kassab, não se manifestaram.
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