Os cinco homens e duas mulheres que estão debruçados sobre as 15 mil páginas do processo que acusa Jamil Name Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Daniel Olmedo de responsabilidade pela execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, passaram a noite em hotel reservado pela Justiça, mas não estão completamente incomunicáveis. Os celulares não foram confiscados, segundo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, que conduz o julgamento.
Durante um julgamento, a incomunicabilidade dos 7 integrantes do conselho de sentença é regra e para garantir que eles não troquem opiniões sobre o caso, oficiais de justiça, se necessário, dormem “no meio” dos cidadãos – como por exemplo, em um quarto triplo de hotel, onde as duas mulheres e uma servidora do Judiciário passam a noite.
Pereira dos Santos afirma que, contudo, como o júri de “Jamilzinho”, Rios e “Vlad” será longo – começou nesta segunda-feira (17) e tem previsão de durar até quinta, dia 20 –, o acesso ao celular teve de ser flexibilizada. Jurados podem usá-los para se comunicar com as famílias, por exemplo, mas não podem manter conversas sobre o que estão julgando e nem acessar o material divulgado pela imprensa, para que não tenham o entendimento sobre o que estão testemunhando no Tribunal influenciado.
“Hoje a questão do celular é relativa. Depende. É complicado você alijar ou afastar a pessoa do celular por vários dias. Então, eu conversei com a acusação e com as defesas. Ficou definido que esse uso será controlado, na medida que a pessoa necessitar, e monitorado pelo oficial de Justiça”, explicou o magistrado.
Na manhã de ontem, depois que foram escolhidos os responsáveis por decidir se o trio é ou não culpado da morte de Matheus, as sete pessoas puderam avisar as famílias, além de pedir roupas e pertences pessoas para os 4 dias. Se fosse necessário, o juiz disse que mandaria buscar as malas nos endereços indicados pelos jurados.
Ao longo desta semana, os cinco homens e as duas mulheres vão analisar provas, ouvir depoimentos de testemunhas do caso, além de ponderar os argumentos da acusação e das defesas dos réus.
No plenário, eles ficam sentados em local reservado. Não são vistos pela plateia, mas consegue ter a visão das testemunhas, réus, defesas, promotoria e juiz.
Name Filho é acusado de mandar matar Paulo Roberto Teixeira Xavier, 52, ex-policial militar que havia trabalhado para a família e era considerado um traidor. O ex-guarda civil metropolitano, Marcelo Rios, e o policial civil aposentado, Vladenilson Olmedo, são acusados de planejar a execução. Por erro dos pistoleiros contratados para a execução, Matheus, filho de Xavier, acabou fuzilado na porte de casa.
Júri – Nesta segunda-feira, primeiro dia do júri, foram ouvidas cinco testemunhas da acusação: os delegados Daniella Kades, Tiago Macedo e Carlos Delano. O pai da vítima, Paulo Xavier, também foi ouvido e por fim, o investigador da Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva.
O foco da defesa, em todos os casos, foi tentar desvencilhar a família Name do caso, citando inclusive ligação entre o major reformado da PM e megatraficante, Sérgio Roberto de Carvalho, e Paulo Roberto Xavier, pai de Matheus.
Nesta terça-feira (17), uma testemunha de acusação, o delegado João Paulo Natali Sartori, do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), está sendo ouvida. Ele fez parte da força-tarefa que investigou os acusados da Operação Omertà e não houve tempo de ouvi-lo ontem.
Em seguida, começam as oitivas da defesa, entre elas a esposa de Rios, Eliane Benitez Batalha dos Santos. Ela chegou a ser considerada testemunha-chave da Omertà, mas repentinamente, mudou totalmente a versar dada em 80 minutos de gravação feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), e agora, depõe pela defesa.
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