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Gestante implorou pela vida do bebê enquanto era estuprada por maníaco sexual

A vítima esperava pela elucidação do caso desde 2021 e fez o reconhecimento do criminoso na DEAM

04/10/2023 às 09h30
Por: Tribuna Popular Fonte: Correio do Estado
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Reprodução/PCMS -
Reprodução/PCMS -

Após a prisão de José Carlos Santana Júnior, conhecido como Maníaco do Parque das Nações Indígenas, uma das vítimas, quebrou o silêncio nesta terça-feira (3), e contou durante entrevista, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) que mesmo tendo dito que era gestante terminou sendo estuprada.


No dia 16 de junho de 2021, em torno de 19h40, foi abordada por José Carlos, que aparentava estar fazendo caminhada na região do Tijuca. Ela foi atacada pelas costas com um tapa "no pé do ouvido" que a derrubou no meio do mato.


O maníaco arrastou a vítima pelos cabelos, que a época tinha 40 anos e estava gestante, mata adentro. Acreditando se tratar de um assalto, ela chegou a entregar o celular, mas o maníaco hostilizou o gesto. "Para quê? Para você sair gritando aqui e todo mundo ouvir?", disparou José Carlos.


Gestante


Neste momento, a mulher revelou que estava gestante de seis semanas e ainda assim terminou sendo violentada. Durante os atos ela fez um apelo:


"Olha pela mulher que tu tem na sua casa e os filhos que você deixou. Não faz nada comigo não. Porque esse filho é a razão da minha vida. Eu preciso ter esse filho. Não deixa eu perder meu filho não", relatou a mulher. 


Após cometer vários atos libidinosos contra a vítima, em dado momento pegou uma camisinha e ao ser confrontado mandou que ela se vestisse e deixou o matagal. Após a violência ela procurou a Deam e formalizou a ocorrência.  


Enquanto aguardava a elucidação do caso, a vítima relatou que recebeu apoio total da DEAM e que às investigadoras estavam sempre em contato, demonstrando que o caso não caiu em esquecimento.


Reincidente


Em setembro, José Carlos Santana Júnior, cometeu outros quatro crimes no período em que esteve solto e foi preso no final da tarde de segunda-feira (2), e prestou depoimento na  1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).


Estuprador


Preso em 2007, José Carlos Santana Júnior foi acusado do abuso de mais de 10 mulheres, entretanto, nem pena cumprida, ou o fato de ter conseguido se graduar e concluir a pós-graduação no Instituto Penal em Campo Grande, redimiu sua pessoa, que voltou a atacar após ser solto em 2021. 


Detalhes da Operação "Incubus", da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), mostram que nesses dois anos, pelo menos quatro mulheres foram vítimas do maníaco na região central de Campo Grande. 


"Para nós é uma satisfação muito grande em prendê-lo, porque olha só, a partir de um caso nós percebemos que ele já fez 4 vítimas, o que ele não faria se ele não fosse preso?", comenta a titular da Deam, Elaine Cristina Ishiki Benicasa. 


 


Vale destacar que essa operação foi batizada em referência ao demônio "Íncubo", figura masculina que saía a procura mulheres adormecidas a fim de ter uma relação sexual. Foram cumpridos quatro mandados de prisão, dentre eles o de José Carlos, sendo dois por crimes sexuais e dois por violência doméstica.


Ainda em 2007, exame de DNA de material coletado das vítimas incriminaram José Carlos pela primeira vez.


Importante destacar que o Maníaco do Parque das Nações Indígenas era procurado até mesmo pela Polícia da Espanha, acusado de estuprar duas meninas e retornar ao Brasil após os crimes.


Descrevendo a prisão com satisfação, a titular da Deam ressalta o trabalho de investigação que possibilitou ligar José Carlos a esses casos do maníaco do Parque das Nações Indígenas 


"Um dos poucos momentos que tivemos com ele ontem, ele disse que não se controla, que não sabe dizer o porquê faz isso. Há relatos de que ele ficava rezando, orando, e quando eu mesma perguntei ele disse que é algo inexplicável", comenta Benicasa. 


Modo de ação


Conforme a delegada Analu Lacerda Ferraz, José Carlos não monitorava as mulheres e escolhia suas vítimas de modo aleatório. Ele costumava agir principalmente nos primeiros horários da manhã, momento em que muitos estão a caminho ou chegando no trabalho. 


Ainda, ela detalha que o caso que levou até o paradeiro do "maníaco" foi um que aconteceu próximo ao Habib's na região central, quando abordou a vítima por volta de 07h. 


Diante do relato em boletim de ocorrência, a equipe da Deam foi atrás de imagens, e do monitoramento urbano com a Guarda Municipal, para tentar identificar o autor, por onde foi possível encontrar uma gravação do momento em que José Carlos colocava a mulher no carro, veículo esse identificado pela vítima.


"Conseguimos imagens de uma tentativa de estupro que mostra nitidamente o rosto dele, só que esse ele não conseguiu consumar porque ela correu. Ele fingia que estava falando no celular, abordava as vítimas fazendo menção que estava armado, e aí ele cometia o crime", frisa Analu.


Identificado o veículo, e posteriormente a placa, foi possível levantar que o carro estava no nome do pai do criminoso. Agora, o Gol branco está apreendido e passará por perícia, já que o autor praticava os crimes sexuais em seu interior e em plena região central. 


"A partir do momento que a gente consegue pegar a placa do veículo, a gente também consegue pegar uma Câmera que ele coloca a menina dentro do carro e fica cerca de 20 minutos com essa menina dentro do carro, ali na Afonso pena", detalha Analu. 


Ainda, sobre suas atividades, as delegadas comentam que ele chegou a confirmar que exercia atualmente a função de motorista de aplicativo e, questionado sobre as credenciais, ele assumiu que era cadastro próprio e não de terceiros. 


"Como que o cara, que cumpriu tanto tempo, consegue fazer um cadastro no Uber para poder dirigir. Não consegui checar a veracidade, mas não teria motivo para ele mentir sobre isso", complementa Analu. 


Semelhante à primeira prisão, quando foi identificado por seu tênis vermelho, José Carlos foi reconhecido porque trajava, no momento da prisão, a mesma roupa que vestia durante um dos crimes. 


"Percebe-se falta de cuidado, por mais que ele tenha cumprido tantos anos pelo mesmo crime, não tem cuidado de ser pego pelas câmeras, de usar as mesmas roupas", finaliza a delegada Benicasa.  


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