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Suposto chefe do jogo do bicho, Neno Razuk escapou da prisão por 'blindagem jurídica'

Gaeco quis que o deputado fosse encarcerado, contudo, justiça obedeceu rito da 'imunidade parlamentar'

27/12/2023 às 09h56
Por: Tribuna Popular Fonte: Correio do Estado
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Correio do Estado - Neno Razuk, deputado do PL
Correio do Estado - Neno Razuk, deputado do PL

O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk, do PL, 45, que ocupa o segundo mandato na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, só não teve a prisão decretada por suposto envolvimento com o jogo do bicho, pelo que pode ser chamado de ‘blindagem jurídica’. 


O parlamentar foi denunciado pelo Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, braço forte do Ministério Público sul-mato-grossense, segundo seus investigadores, por implicação com organização criminosa que seria “responsável por diversos roubos praticados mediante o emprego de arma de fogo e em concurso de agentes, em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande/MS, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho local". 


Ou seja, o apurado pelo Gaeco indica que Neno estaria no comando de uma guerra pelo domínio do jogo do bicho. Razão pela qual os investigadores do caso tentaram convencer a justiça a determinar sua prisão.


Por duas ocasiões (dia 5 e 20 deste dezembro), o Gaeco pôs em prática a Sucessione, operação contra o jogo do bicho. Numa delas, na primeira, os investigadores cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do deputado e, lá, apreenderam celulares e notebook.  


Depois da abordagem policial, o parlamentar seguiu para a sessão da Assembleia, deu entrevista em que negou participação com a jogatina e seguiu o expediente sem ser atrapalhado.


A justiça discordou da prisão de Neno por entender que o parlamentar era amparado por “imunidade formal”. O investigado safou-se por ser deputado. 


Correio do Estado tentou falar com integrantes da investigação hoje à tarde, mas não conseguiu. Contudo, um servidor do órgão, sem autorizar a publicação do nome, confirmou que o pedido de prisão do deputado foi, sim, feito, mas rejeitado.


A BLINDAGEM 


Deputados estaduais, ainda que sentenciados em tribunais por crime de corrupção passiva e também de lavagem de dinheiro não podem ser encarcerados graças a eles pela conhecida e discutível imunidade parlamentar. 


Essa decisão foi definida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em julgamento ocorrido em dezembro do ano passado, perto do Natal. A corte definiu que nos Estados e no Distrito Federal, deputados já não poderiam ser presos, medida que só deveria ser desprezada em casos flagrante e por crime inafiançável.  


Ainda conforme a decisão, mesmo se já fosse sentenciado, a prisão de Neno Razuk exigiria uma prévia autorização da Assembleia Legislativa, que colocaria o assunto em votação no plenário. Isto é, colegas do parlamentar determinaram se ele ia, ou não, para o xilindró. 


Na primeira fase da Sucessione, a justiça concordou com pedido de dez prisões temporárias - só Razuk foi poupado; na segunda investida, o Gaeco cumpriu 12 mandados de prisão. 


Entre os presos, três agiam como assessores de Neno Razuk. Ex-policiais engrossam a relação dos envolvidos com o jogo.


HISTÓRICO


Em 2007, ano que Neno Razuk completara 29 anos de idade, o pai dele, Roberto Razuk, ex-deputado estadual, hoje com 82 anos de idade foi alvo de uma operação de combate a jogatina. Foi a Polícia Federal quem chefiou a operação, a Xeque-Mate. 


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