Terminou na noite desta quarta-feira (28) o julgamento dos indígenas Valmir Júnior Savala, 36, e Sandra Arévalo Savala, 40, réus pelo assassinato de dois policiais civis e pela tentativa de homicídio contra um terceiro agente, em 1º de abril de 2006. Conhecido como “Chacina de Porto Cambira”, o caso ocorreu em Dourados, a 251 km de Campo Grande.
Realizado no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em São Paulo, o júri começou segunda-feira (26). Por 4 a 3, Valmir foi absolvido das acusações de participação no assassinato de Ronilson Magalhães Bartie e Rodrigo Lorenzatto e de envolvimento na tentativa de homicídio contra Emerson José Gadani.
O conselho de sentença também decidiu pela absolvição de Sandra Arévalo da acusação de duplo homicídio e a considerou culpada pela participação no ataque contra o sobrevivente Emerson Gadani.
Entretanto, os jurados decidiram desclassificar o crime de tentativa de homicídio para “lesão corporal grave”. Com isso, a juíza federal Andréia Moruzzi estipulou a pena dela em 3 anos, 2 meses e 12 dias em regime aberto. Os três policiais foram espancados e esfaqueados. Rodrigo e Ronilson morreram no local. Emerson sobreviveu, mas possui sequelas até hoje.
Com o júri desta semana, a Justiça Federal encerra o julgamento dos acusados pelo massacre, ocorrido em área ocupada pelos indígenas no Porto Cambira, na região sul do município de Dourados. Atualmente existe no local a Aldeia Passo Pirajú.
Outros réus – Em 7 de junho de 2019, quatro indígenas tinham sido condenados pela chacina. Ezequiel Valensuela foi sentenciado a 34 anos e 5 meses, Jair Aquino Fernandes a 26 anos e 8 meses, Lindomar Brites de Oliveira a 19 anos e 2 messe e Paulino Lopes a 20 anos e 3 meses. Líder do grupo, o cacique Carlito Oliveira foi absolvido. Nenhum dos condenados está preso.
Mauricio Nogueira Rasslan, advogado douradense que atuou como assistente da acusação, disse hoje que não vai recorrer da decisão dos jurados desta quarta-feira. “Perda de tempo”, afirmou ele.
Ontem, ele abandonou a sessão em protesto contra o discurso do procurador federal Gustavo Torres, responsável em pedir a condenação dos réus.
Rasslan afirmou que Torres adotou tom a favor dos indígenas, defendendo inclusive que, se condenados, não ficassem presos. O advogado chamou a tese de “palhaçada”. Segundo ele, a impunidade dos indígenas é “falta de respeito com a população de Mato Grosso do Sul”.
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