Mundialmente conhecida, a Revista Cláudia, do Grupo Abril, publicou na sua Seção Feminismo, de 18 de dezembro, uma reportagem trazendo a história de cinco mulheres brasileiras que mostraram a força da empatia e da coletividade, em um ano marcado pela insegurança, desigualdade e pelo luto, como foi 2020.
Entre essas heroínas, está a murtinhense Fátima Diaz, uma professora de escola rural que venceu todos os obstáculos e desafios colocados à sua frente, e levou esperança e educação à dezenas de crianças e adolescentes sem internet em casa, ganhando destaque em várias outras mídias, sendo uma delas a TV Morena, afiliada da Rede Globo.
Confira a matéria da Revista Cláudia
O ensino à distância, prática que se tornou rotineira para os estudantes durante a pandemia da Covid-19, é, na realidade, um privilégio inacessível para 21% dos brasileiros que ainda não possuem internet em casa, segundo dados de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), os mais recentes disponíveis.
A professora Maria Fátima Diaz, 52 anos, é testemunha dessa desigualdade. Educadora há três décadas, ela é a única docente de uma escola localizada na fazenda Cerro Porã, em Porto Murtinho, município de cerca de 15,5 mil habitantes na fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Para impedir que seus alunos, com acesso precário à internet, fossem prejudicados, ela viajou quinzenalmente 90 quilômetros até a casa deles para entregar os materiais de estudo. “Eu os via muito tristes com a situação; então, levava doces também, e uma vez decorei todo meu carro com balões e cheguei buzinando. Eles ficaram muito felizes”, relata.
A nova rotina, porém, veio cheia de desafios – desde dirigir pela área rural e lidar com um pneu furado até garantir o mínimo de aprendizagem às crianças neste ano atípico, que promete ainda mais os alunos do ensino público e distantes dos grandes centros. “Neste momento, o trabalho é frustrante. Como vamos tirar as dúvidas de uma criança se não podemos dar aula para ela?”, questiona Fátima, que arca com as despesas das viagens.
Quando necessário, nas visitas rápidas, a professora improvisa uma mesa em frente à casa do aluno para responder a algumas perguntas. “Uma menina aprendeu a fazer multiplicação dessa forma. Um garoto entendeu melhor as formas geométricas analisando a porta de casa, a janela e um copo”, conta.
Os níveis de aprendizagem na escola dela são diversos, atendendo desde crianças da educação infantil até adolescentes do ensino fundamental. Há ainda o risco de, após a pandemia, os alunos não retornarem para os bancos escolares devido à falta de estímulo e ao esforço para estudar – movimento que professores como Fátima tentam deter.
“Quase sem nenhum apoio institucional, o que queremos é que o poder público e a sociedade olhem com respeito o trabalho que educadores, principalmente os da zona rural, vêm desempenhando para que este não seja um ano perdido na educação”, finalizou a Professora Fátima Diaz.
Outras mulheres que foram destaques
Além de Fátima Diaz, também ganharam notoriedade através da Revista Cláudia foram, Juliana Camargo, ativista pela biodiversidade; Alzira Nogueira, voluntária em comunidades; Érika Souza, atleta do basquete nacional; e Eliane Tricarico, enfermeira da linha de frente.
*Paulo Abílio
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