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Suspeito nega discussão e diz que não viu mulher embaixo de carro

Willames Monteiro dos Santos alegou que não tinha intenção de matar a esposa Andressa Fernandes Teixeira

30/04/2024 às 10h29
Por: Tribuna Popular Fonte: Campo Grande News
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 - Corpo da vítima coberto com lençol branco, em frente a casa onde morava com o suspeito e os filhos (Foto: Reprodução)
- Corpo da vítima coberto com lençol branco, em frente a casa onde morava com o suspeito e os filhos (Foto: Reprodução)

Willames Monteiro dos Santos, de 33 anos, suspeito de atropelar e matar a esposa Andressa Fernandes Teixeira, 29, negou ter discutido com a vítima antes do crime e alegou que não viu a mulher embaixo do carro. A versão apresentada à polícia contraria os relatos de testemunhas que presenciaram os fatos, que deram base, inclusive, a um pedido de prisão preventiva formulado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Para a promotora Luciana do Amaral, ele atropelou a vítima intencionalmente.


Willames foi preso em flagrante no dia do crime, 20 de abril, e indiciado por feminicídio. Dois dias depois, durante audiência de custódia, foi liberado com o uso de tornozeleira eletrônica.


O suspeito foi ouvido na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) e, durante o depoimento que durou 22 minutos e 50 segundos, contou à delegada Rafaela Lobato que não viu o acidente e parou assim que um vizinho informou que Andressa estava embaixo do carro. Contudo, testemunha ocular afirma que o marido viu e passou mais uma roda por cima da vítima.


"Não teve briga, quem falou que isso está mentindo. Quando ele [vizinho] falou que ela [vítima] estava embaixo do carro eu parei, eu não tinha visto que ela estava lá. Quando me falaram eu já desci e falei ‘isso é mentira, isso não está acontecendo’", alegou.


Ainda conforme relatado por Willames, ele pediu ajuda para assim que viu que a esposa estava embaixo do veículo. “Chamei os vizinhos e pedi que eles me ajudassem tirar o carro e pedi para ligar para os bombeiros”, relatou.


Sobre as horas que antecederam os fatos, Willames expôs que ele e Andressa começaram a beber por volta das 16h, assim que ele chegou do trabalho, e os filhos de 3 e 11 anos estavam junto com eles. Segundo ele, o acidente aconteceu no momento em que ele saiu para comprar mais bebida.


“Ia pega outra caixinha para finalizar e a gente dormir. Ela ainda falou para eu levar o menino comigo, falei beleza, coloquei ele no carro, entrei, liguei o som e acionei o controle, só que nisso ela estava atrás sentada e eu não vi. Dei ré e só ouvi o barulho, minha câmera de ré estava queimada. Quando eu vi já tinha acontecido. Parei o carro, fiquei desesperado e os meus filhos gritando.”


Willames chegou a se emocionar durante o interrogatório ao afirmar que não matou Andressa de propósito. “Eu não fiz porque eu quis, em nenhum momento eu pensei em matar minha mulher, eu vivi com ela 11 anos, temos dois filhos, eu não vi”, finalizou.


Testemunha ocular – Contrariando toda a versão contada por Willames, a vizinha do casal e amiga da vítima contou em depoimento que o casal vivia um relacionamento conturbado, que nunca chegou a presenciar agressões físicas, mas já ouviu o suspeito ameaçando Andressa com faca. Apesar dos desentendimentos constantes, os dois sempre reatavam o casamento.


Sobre o crime, a mulher relatou que os dois estava bebendo, inclusive chamaram ela para se juntar a eles. A vizinha recusou o convite porque precisava ir ao mercado. Por volta das 20h, ela voltou para casa e viu que o casal estava discutindo, mas de forma “tranquila”.


Por volta das 21h, a mulher ouviu uma briga mais acalorada, sendo possível ouvir a discussão da rua. O motivo da desavença era a rotina do casal e que durante o bate-boca, os dois ficavam se provocando.


De acordo com a vizinha, às 22h, ela saiu para pegar uma pizza que havia pedido e viu a vítima sentada em frente ao portão, de costas para a casa. Chegou a falar com a amiga, mas foi ignorada. Voltou para sua residência, mas minutos depois percebeu que havia esquecido o celular no capô de seu carro e retornou para pegar. Neste momento, viu as crianças sentadas com a vítima e ouviu que a discussão com o marido continuava. A vizinha relatou que Andressa sentou no portão para evitar que Willames saísse com o carro.


Ela retornou para sua residência e escutou um barulho alto. Neste momento, correu para ver o que havia acontecido e presenciou Willames arrastando Andressa com o carro. A vizinha ficou gritando “para o carro”, em seguida disse “você vai matar ela”. O suspeito então disse “que se dane”.


Mesmo a vizinha pedindo para que o homem parasse o veículo, ele continuou dando ré. Mais uma vez a mulher gritou “para o carro, você está levando ela”. Willames então desce, olha o que está acontecendo, a testemunha começa grita, os outros moradores saem de suas casas e o suspeito tentar entrar novamente no automóvel para fugir, mas é contido pela população.


O relato da testemunha revela que após o crime, familiares do suspeito foram até o local e tiraram o carro do local. Quando os bombeiros chegaram, Willames ficou próximo ao corpo da vítima e falava “o que foi que eu fiz, eu vou ser preso”.


Para finalizar, a testemunha contou que os filhos do casal viram tudo e que o tempo todo eles gritavam.


Caso - O crime ocorreu na noite do dia 20 de abril, na Avenida Cinco, no Bairro Nova Campo Grande. Willames foi preso em flagrante, mas dois dias depois foi posto em liberdade, após passar por audiência de custódia no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande.


Na ocasião, o advogado Paulo Macena disse que o juiz converteu a prisão em flagrante em liberdade provisória com o uso de tornozeleira eletrônica após ver que ele não tem antecedentes criminais, trabalha de carteira assinada há seis anos e tem residência fixa.


Durante a custódia, o suspeito alegou que não viu a esposa atrás do portão e que não teve a intenção de matar ela, que foi um acidente, ainda pontuou que ficou no local, prestou os primeiros socorros e pediu para as pessoas ligarem para a polícia.


Mesmo tendo sido solto, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu pela prisão de Willames. Para a promotora Luciana do Amaral, ele agiu intencionalmente e a prisão é a melhor medida para o correr das investigações policiais.


"Willames acelerou intencionalmente o carro, de ré, atropelou o portão e a mulher juntos. Andressa ficou presa debaixo do veículo e foi arrastada por alguns metros, mesmo que testemunhas presenciais o alertassem para parar o veículo e o avisassem que iria matar a vítima, tendo o acusado dito: 'que se dane'", diz trecho do documento do MP.


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