O ex-servidor municipal de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, cita esquema de corrupção envolvendo a prefeita Vanda Camilo (PP). No acordo firmado com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e homologado pela Justiça, o ex-servidor – réu na Operação Tromper – cita como a prefeita utilizava recursos públicos para benefício próprio.
Conforme documento o qual a reportagem do Jornal Midiamax teve acesso, o delator afirmou aos promotores que a prefeita teria adquirido de forma fraudulenta um celular Iphone 14 e ter feito manutenção de aparelhos de ar-condicionado da própria residência com desvio de recursos públicos.
Na delação, Thiago narra o papel dele nos esquemas de corrupção da prefeitura de Sidrolândia, já que ele era chefe do setor de compras da prefeitura, ou seja, todos os empenhos e pagamentos da prefeitura passavam por ele.
Investigação contra Vanda nas mãos do PGJ
Assim, como esses fatos não estão diretamente ligados ao esquema de corrupção chefiado pelo genro da prefeita, o vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB), e pelo fato de Vanda ter foro privilegiado, as informações foram desmembradas do processo de Serra e precisam de autorização do PGJ (Procurador-Geral de Justiça), Romão Avila Milhan Júnior.
A instauração de procedimento investigatório contra prefeito municipal é da competência do Procurador-Geral de Justiça. O PGJ também pode designar alguém para tal fim, por causa do foro privilegiado da sogra do vereador de Campo Grande, Claudinho Serra.
A prefeitura de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande, se tornou alvo do grupo que fraudava licitações e desviava verbas públicas, segundo as investigações dos promotores de justiça. Mas, agora, depende do chefe deles, a continuidade da apuração envolvendo Vanda.
Vereador genro de Vanda ficava com 10% de todos os contratos
Reportagem do Jornal Midiamax já havia revelado o teor da delação de Basso. Pagamento em dobro por um produto ou serviço, “mesada” de 10% cobrada de empresários e uso de contratos para interesses pessoais são alguns dos exemplos mencionados por Silva sobre como operava o grupo.
Durante depoimento no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Tiago Basso da Silva descreveu como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia.
Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie.
“O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo que era pago pelo Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação.
O ex-chefe do setor de licitações explicou que era responsável por ir pessoalmente falar com os diretores das empresas, enquanto as que tinham contratos de maior valor – como para obras de pavimentação – tratavam do assunto no gabinete de Claudinho Serra.
O assessor de Serra, Carmo Name Júnior, seria o responsável por buscar os valores dessas empresas com cifras maiores.
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