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PCC entra no ramo das "bets" e tem representante na Capital

Homem que foi preso em 2022 pela Polícia Federal em Campo Grande disse que era o proprietário de plataforma do ramo em Mato Grosso do Sul

25/06/2024 às 09h53
Por: Tribuna Popular Fonte: Correio do Estado
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Site da Fourbet, plataforma investigada, ainda pode ser acessado - Foto: Gerson Oliveira
Site da Fourbet, plataforma investigada, ainda pode ser acessado - Foto: Gerson Oliveira

Segundo levantamento feito pelo Jornal O Globo, as principais facções criminosas do país, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), estão empreendendo no ramo das apostas esportivas, popularmente chamadas “bets”, como nova fonte de arrecadação e lavagem de dinheiro do crime organizado.

Em Mato Grosso do Sul, havia um representante da Fourbet, empresa de apostas esportivas, que a Polícia Federal investiga ter relação com a família de Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC.

Em Campo Grande, Henrique Abraão Gonçalves da Silva, foi abordado pela PF em agosto de 2022 e se apresentou como proprietário da Fourbet em MS. A empresa de apostas esportivas é uma das apontadas pela investigação como parte do esquema ligado ao PCC.

Henrique é filho de Cíntia Chaves Gonçalves, uma das gestoras da Loteria Fort, no Ceará, que tinha como gestor de unidades Menesclau de Araújo Souza, apontado como responsável pela contabilidade do PCC no estado nordestino.

Além disso, junto com Henrique Abraão, quando foi abordado pela Polícia Federal em Campo Grande, estava Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho, sobrinho de Marcola.

Na época, Leonardo disse que trabalhava para Henrique e o inquérito aponta que ele divulgava em suas redes sociais anúncios da plataforma de apostas. Ele foi preso em abril deste ano, em uma operação que investigava casas de apostas no Ceará.

Além dele, Francisca Alves da Silva, cunhada do chefe do PCC, também foi presa no mesmo mês, e com ela foi encontrado um recibo de transferência bancária e um bilhete que tinha referências a Menesclau.

INQUÉRITO

O Poder Judiciário do Ceará, através da Força Integrada de Combate do Crime Organizado do Ceará (FICCO/CE), foi quem decretou a prisão preventiva, busca e apreensão domiciliar, quebra de sigilo telefônico, telemático, de informática e sequestro de bens móveis, dos indivíduos apontados como integrantes do esquema envolvendo bets e o PCC, entre eles está Henrique Abraão, preso na Capital.

Na ação, Henrique Abraão Gonçalves da Silva foi preso em flagrante por terem encontrado 19 munições calibre 380, dez munições calibre restrito 9 milímetros, uma maleta com dois carregadores, kit limpeza e empunhadura de arma, calibre 19x9 milímetros, de origem e procedência estrangeira e acessórios de calibre restrito, no apartamento que ele vivia em Campo Grande, no bairro Monte Castelo.

O processo aponta que além do envolvimento com o crime organizado, os materiais apreendidos estavam sem autorização do órgão competente.

Henrique é tido, juntamente com a mãe Cintia Chaves Gonçalves, o sobrinho de Marcola Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho, e outras quatro pessoas, como atuante do núcleo operacional, estando esses responsáveis por “conduzir o dia a dia da atividade ilícita em sintonia e confiança com a célula decisória”, expõe o inquérito aberto no Ceará.

Além disso, a investigação também informa que é “possível afirmar a existência de organização criminosa diretamente associada a integrantes da cúpula do PCC nacional, capitaneada por Francisca Alves (cunhada de Marcola), Menesclau Araujo (contador do PCC) e Geomá Pereira de Almeida (apontado como ‘maior responsável pelos caça-níqueis de São Paulo)”.

Esses três seriam responsáveis por chefiar diversas atividades ilícitas no Ceará e outros estados, entre elas o tráfico de drogas, tráfico de armas, jogos de azar, lavagem de dinheiro e sonegação tributária.

A força-tarefa relata que foram somados R$301.813.629,00, no período entre janeiro de 2011 e outubro de 2022, que teria sido levantado pelo grupo.

O levantamento feito pelo O Globo, aponta ainda que foram encontrados com Geomá Pereira, em São Paulo, panfletos da Fourbet em um ponto de apostas controlado pelo investigado.

O jornal procurou a defesa de Henrique, que não quis comentar o caso. Já os advogados de Leonardo Herbas Camacho e Francisca Alves afirmaram que eles não tem relação com casa de aposta ou atividade ilegal, e o defensor de Cintia Chaves afirmou que atua na legalidade e não tem ligação com a Fourbet.

Saiba

A Fourbet MS possui um perfil nas redes sociais, em que há um vídeo de mulheres divulgando a plataforma de apostas, em um bar da Capital. Não há publicações desde 2022, mas o site ainda pode ser encontrado na internet.

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